A Guerra Fria do Comércio: de Washington a Pequim Iniciada a um pouco mais de um ano, a Guerra Comercial entre as duas maiores economias do mundo vem somando efeitos colaterais desde o seu começo. Os aumentos das tarifas, rivalidades tecnológicas e acusações de Donald Trump a Xi Jinping de práticas econômicas desleais causam desequilíbrio e preocupações pelos outros países, principalmente nas moedas dos emergentes, tendo o Brasil e seus vizinhos latinos inserido nesse rol.
A política econômica do governo americano atual tem um viés mais protecionista, engana-se aquele que pense o contrário; o que causa um descompasso com o histórico dos Republicanos de serem mais liberais que os Democratas. O último episódio do aumento das tarifas de importação foi no último dia dez de maio, onde os EUA taxou de 10% para 25% em mais de 200 bilhões de dólares dos produtos chineses.
Essa ação, despertou preocupações em Pequim e uma comitiva liderada pelo ministro dos Negócios chinês, Gao Feng desembarcou em Washington para tentar novos acordos que dificilmente vão ser aceitos. de acordo com Feng “ o lado americano vem dado muitos rótulos recentemente.
Retrocessos, traição e etc. A China dá grandes importâncias a confiabilidade e mantém suas promessas, e isso nunca mudou” disse o ministro. Gao propõe um meio termo, ou seja, uma situação intermediária entre americanos e chineses. No cenário mundial, essa guerra não vem dando muito impacto a curto prazo, porém, Donald Trump vem mirando na sua reeleição, onde uma postura mais forte e agressiva contra Pequim vem encontrando eco em uma parte significativa no eleitorado estadunidense.
Uma diminuição do fluxo de comércio entre os dois países será algo muito impactante no comércio mundial, o que ainda não ficou claro é como a China retalharam a essas tarifas, pois considerando que a economia americana tem apresentado bons índices de crescimento, Donald Trump considera que os chineses tem mais a perder e os EUA a ganhar e por isso ele resolveu endurecer.
Outra consequência grave dessa disputa, são as crescentes desvalorizações das bolsas de valores do mundo inteiro. No Brasil, a IBOVESPA vem fechando em queda constantemente, assim como em Frankfurt, Madrid e Paris na Europa e mais impactante ainda em Xangai, que teve a maior queda em três anos.
Diferentemente dos Estados Unidos, o dólar se valoriza ao meio desse caos, o que aumenta mais a moral do presidente Trump com bases nas suas estratégias de negócios. Uma saída que Pequim poderá fazer, é de realizar uma grande compra, principalmente em grãos ou no setor agroindustrial de modo geral, o que pode causar um grande prejuízo nas exportações brasileira sobre produtos agrícolas.
Nesse caso, o Itamaraty precisa de discernimento e coerência nas suas negociações com o governo chinês. Nos últimos anos, o eixo comercial se transferiu do ocidente para o oriente e mesmo com esse conflito, em uma década, a China pode ocupar o primeiro lugar no rank das maiores economias do globo.
Portanto, devemos olhar mais para o oceano pacífico e menos no atlântico. Por causa do sucesso dos BRICS, novos acrônimos econômicos têm surgidos nos últimos anos, como os Civets que reúnem Colômbia, Indonésia, Vietnã, Egito, Turquia e África do Sul, os Mints (Malásia, Indonésia, Nova Zelândia, Tailândia e Cingapura), Mist (México, Indonésia, Coreia do Sul e Turquia) e Cassh (Canadá, Austrália, Cingapura, Suíça e Hong Kong).
Essa heterogeneidade é importante para o nosso país perceber quem está na vanguarda dos investimentos e não nos concentrar em países protecionistas que causam desconforto e dores de cabeça para nossos investidores e compradores. De fato, o Brasil tem muito a ganhar e é responsabilidade do Ministério das Relações Exteriores diagnosticar e tratar os problemas de modo que beneficie o Brasil e somente o Brasil, e não outras nações que se preocupam consigo mesmas.
Matheus Macedo é bacharel em física pela UERJ e aluno de iniciação científica pelo CBPF, atua nas áreas de Física dos Neutrinos e Computação Quântica. Atualmente tem se dedicado ao Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD) do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty)
contato: matheus.macedosf@gmail.com