No dia 10/03 vai fazer três anos de falecimento do professor de História – Pierre Wilman, fundador deste veículo que, há uma década, presta informações relevantes.
Lembro-me de um seminário organizado por ele no ano de 2000, no Colégio Estadual de São Fidélis, através dos alunos cujo tema foi “Minha cidade, meus problemas”- que causou não só impacto, bem como desconforto àqueles que representavam o povo na época, e que pleiteavam continuar ou ganhar pela primeira vez, as esferas do poder.
O evento contou com uma mesa-redonda para debate e com a participação de lideranças comunitárias, políticos e populares. Uma oportunidade ímpar em prol do exercício de cidadania para se colocar frente a frente não só o governo daquela época, como sacudir os munícipes para refletirem sobre os problemas da cidade, os quais continuam cada vez mais latentes. O professor se foi, mas o ideal continua vivo, à espera que um dia a população saia dessa miopia social e acorde.
Bem, aonde se quer chegar? No descaso, na omissão, no conformismo exacerbado, da falta de memória e alienação de uma população que vive a reclamar dos seus problemas, porém, não se manifesta e não cobra pela atuação dos representantes que elege a cada quatro anos. Não se mobiliza para exigir melhorias, por ex., para a saúde do município, que, de acordo com o que se observa, é um dos problemas mais graves que o município enfrenta. Entretanto, o mais impressionante é que a maioria dessa mesma população que reclama é a que faz questão de cobrar do poder público, liberação de dinheiro para carnaval, (e ai se não liberar), pois é a política do pão e circo.
Não se trata de ser contra carnaval, pelo contrário, essa manifestação cultural é parte da cultura do povo brasileiro, além de tudo ela gera receita e turismo para qualquer cidade, bem como existe, também, nos orçamentos verbas específicas que sejam direcionadas por lei para cada setor ou secretarias de governos dos mais de 5 mil municípios de todo o país.
Só que as agremiações deveriam pensar em buscar alternativas para fazer um carnaval sem ficar na dependência de dinheiro público, como é o caso de São Fidélis, cuja arrecadação é pífia. Daí sim sobraria dinheiro para ser aplicado em outras prioridades, como por ex., na saúde pública. Chega a ser risível para não dizer revoltante, observar a inércia das agremiações e blocos que ficam o ano inteiro sem fazer nada de produtivo e criativo, porém, às vésperas do carnaval, batem à porta da prefeitura para exigirem dinheiro, abadá e etc.
Depois reclamam que a saúde no município vai mal. Aliás, virou um balcão de negócios. Um fato notório e que sempre chamou a atenção, por ex., é a cidade não contar com um hospital municipal desde que foi emancipada. E isso nunca foi de interesse por parte de todos que passaram pelo poder, bem como dos candidatos a cargos da vereança, pois, dessa forma, comprometeria a politicagem do assistencialismo em levar pacientes para hospitais das cidades vizinhas. E viva a contabilidade dos votos que permanece garantida.
Diante disto, só resta a avenida para abafar o outro lado obscuro. E no rufar da bateria, todo o esquecimento dos problemas se vai, desse povo que reclama, mas que prefere mascarar-se de hipocrisia e de fantasias, a lutar no dia a dia por transformações de sua triste realidade. E assim vai continuar nas ilusões do carnaval, porém, na quarta-feira tudo se acaba, mas os problemas não!