Nasce um novo escritor oriundo da “Cidade da Poema”. Trata-se de Antônio Júnior Persí que fará o lançamento do seu livro de suspense, O Mortiço, nesta segunda-feira (22). Por conta da pandemia, o autor fará o lançamento de seu livro por meio de uma Live em seu Instagram (@antoniojuniorpersi), às 15 horas da segunda-feira. Na Live, o autor fará leituras de alguns trechos do livro, falará sobre suas técnicas de escrita e sobre o processo de elaboração do suspense. A Live também contará com a presença da responsável pelo texto da contracapa de O Mortiço, Talita Vieira Barros, jornalista e professora do curso de Letras do IFF Fluminense. E também haverá a participação especial da Drag Queen de Miami, Olga Dantelly, que discutirá com o autor questões acerca da representatividade LGBTQIA+ presente em alguns momentos do livro.
Segundo o autor, “até onde o amor pode nos levar? Até onde o medo pode nos levar? Até onde o trauma pode nos levar? Como uma espécie de laboratório das relações na contemporaneidade desenfreada, “O Mortiço” serve de bandeja a quem o lê as respostas para estas e outras questões, por mais que elas possam ser sisudas e inesperadas. De ritmo alucinante e entorpecente, “O Mortiço” tem a proposta de uma narrativa diferenciada, sem pudor ou censura, ao explicitar, em ricos detalhes, uma sociedade doente, dopada, refletindo o que a falta de zelo pode causar em sua dinâmica. O suspense de Antônio Júnior Persí pode parecer duro, mas os questionamentos abordados na obra são importantíssimos e de extrema urgência”, avalia.
Numa abordagem mais ampla, ninguém melhor que a professora e jornalista Talita Barros, a quem Persí Júnior disse ter sido muito feliz em ter sido aluno, bem como a mesma tece sua opinião sobre a obra de Persí Júnior:
“A aridez climática, que em um primeiro momento pode parecer mera ambientação inicial, acompanha o personagem principal em toda a trajetória, dando o tom de seu ritmo e, por sua vez, de seu cansaço. É um bafo vertiginoso para experiências aterradoras e intensas, que são impregnadas por cores neutras. Bege, branco, cinza, marrom e preto pintam roupas, lugares e objetos. Das cores neutras ao quente vermelho, que atravessa a seco o cotidiano de Oscar, passando pelo frio verde, que extravasa do fundo de uma garrafa.
Desse jogo sinestésico, percorremos as páginas do suspense ‘O Mortiço’ inebriados por mudanças bruscas na vida de Oscar e pela busca que ele trava por aquela que finca seu pé em chão estável: Alícia!
O suspense de Antônio Júnior Persí apresenta uma narrativa que mostra um homem que tem um fim a alcançar, mas os meios utilizados para chegar a esse ponto de certeza são escorregadios. A narrativa é construída como se Oscar estivesse sob o fio da navalha, em que vida e morte, lixo e luxo, pobreza e riqueza estão lado a lado em movimento alucinatório.
Por ironia, ou por ingenuidade, Oscar vai tentar resgatar um elo com seu passado sem ser descoberto justamente em um lugar, onde drogas, castigos e miséria sustentam uma rede de poder que vai muito além de um bloco de concreto. Em um lugar onde há vidas possíveis, assujeitadas a humilhações mil, que abastecem aqueles que mandam e controlam os desejos alheios. Num lugar que pretende oferecer saídas, seja pela ilusão do alcançar o objetivo, seja pela concretude do esvaziar os corpos. É um beco. Ou melhor, um grampo escatológico. E é irrespirável. ” – Talita Vieira Barros, jornalista e professora do curso de Letras do Instituto Federal Fluminense Campus Campos Centro.
Sendo assim, torna-se um momento ímpar para a literatura nacional contar com mais uma obra cujo título é recorrente, além de suspense por trazer à tona – uma reflexão acerca de um mal-estar contemporâneo no qual todos vivem por conta da intolerância e demais problemáticas sociais.
Por Nelzimar Lacerda – São Fidélis RJ
Imagens de capa: cedidas pelo próprio autor Júnior Persi