Músico é espancado por 7 homens em São Fidélis e denuncia homofobia

19 de setembro de 2020

O músico Guilherme Azevedo, de 31 anos, conhecido como Guiaz, usou as redes sociais para denunciar agressões que sofreu na última quinta-feira (17) em São Fidélis, no Norte Fluminense. Ao G1, ele disse que foi espancado por sete homens e que a violência foi motivada por homofobia. O músico é irmão do jornalista da Globo, André Azevedo, que também utilizou as redes sociais para se manifestar sobre o caso.

De acordo com Guilherme, o crime aconteceu quando ele estava na beira de um rio próximo de casa, onde mora há um mês. Local que também é frequentado pelos agressores. Ainda segundo o músico, a perseguição dos sete homens era uma constante em sua rotina.

“O que aconteceu ontem (quinta-feira) foi a gota d’água. Desde que me mudei pra cá, há um mês, vou a um rio que tem aqui perto de casa, para fazer yoga, fumar um cigarro, e todo dia encontro com eles, que sempre ficam fazendo piadinhas, debochando. É um inferno!”.

“Eu sempre ignoro, mas ontem eu questionei, perguntei porque não me deixam quieto. Não aguentava mais aquilo. E aí eles me cercaram, tentaram me jogar no rio, eu esquivei, mas eles começaram a me bater”, contou Guilherme. Ainda na quinta-feira, Guilherme fez publicações nas redes sociais para falar sobre o caso.

“Tô fazendo esses stories para falar para vocês que homofobia é crime e não vai passar batido. Faço questão de exibir o estado que eu estou nesse momento, com dedo quebrado, todo machucado, cortado”, disse Guilherme em vídeo. De acordo com o músico, as agressões só pararam quando uma amiga chegou para socorrê-lo.

“Minha melhor amiga ouviu o barulho e saiu de casa correndo com o bebê no colo para me socorrer. Nessa hora as agressões pararam. Acho que se ela não tivesse aparecido, eu estaria bem pior”. Guilherme teve dedo e ombro quebrados, além de várias escoriações e um corte na cabeça.

“Esse episódio me fez pensar. Estou me sentindo violado, invadido, exposto. Eu nunca militei. A minha militância é a minha própria existência. Mas agora estou vendo que isso não é o suficiente mais”, desabafou ele.

Indignado com a situação, o irmão do músico, André Azevedo, falou, nas redes sociais, sobre a violência e a importância do caso não ficar impune.
“O Guilherme é gay. Sempre foi e nunca escondeu. E sempre sofreu, desde criança. Na escola, no prédio, na rua. E sete criminosos atentaram contra a vida dele portando paus, pedras e muita violência”.

Por nada, por nenhum motivo. Somente pelo fato do Guilherme ser quem ele é”, desabafou André na publicação.
Guilherme chegou a reagir, mas não conseguiu conter os rapazes, que o batiam com pau, pedras e socos.

“Eu tenho orgulho do meu irmão ser quem ele é e pela coragem que tem. E não vamos parar até que esses vermes sejam punidos […] Por todos os Guilhermes que sofrem diariamente no nosso país, não vamos nos calar. Homofobia é crime e os homofóbicos não passarão impunes”, escreveu André em publicação em uma rede social. O músico chegou a ser levado para o hospital da cidade, mas já se recupera em casa.

“Isso tudo não aconteceu comigo, aconteceu com o que eu represento para essa sociedade preconceituosa e machista. Eu espero que o que eu sofri ajude a fazer as pessoas a saírem dessa visão distópica da vida”, disse Guilherme.

Guilherme é cantor e compositor, completará 32 anos de idade na segunda-feira (21) e tem um filho de um ano e cinco meses. Ao G1, Guilherme disse que fará um registro de ocorrência ainda nesta sexta-feira (18).

Por Karine Knust e Leonardo Libanio, G1 — Norte Fluminense






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