O que se prega e o que se faz.

4 de julho de 2012

Por mais que queiramos, como povo, uma limpeza na política, os velhos costumes continuam em voga, frustrando aos que buscam melhores dias para a coletividade.

A expressão popular “é melhor ouvir do que ser surdo” não soa bem aos ouvidos dos que ainda sonham com uma varredura dos maus políticos, dos maus costumes na política, porque o tempo é inexorável, ele passa correndo e cada dia mais velozmente, daí a nossa pressa em pensar que a hora é agora.

Como jornalista e observador político, sinceramente preferia ser surdo a ter que ouvir o que tenho ouvido, em termos de “negociação” entre pretensos candidatos aos postos máximos da política municipal, aqui e acolá. Coloquei “negociações” entre aspas, porque não era esse tipo de negociação que pretendemos para o nosso futuro, que se decidirá em todos os municípios da região e do Brasil, exceto onde existem dois turnos nas eleições, no dia 07 de outubro.

Neste mês de junho, quando prolifera a mesmice das festas caipiras, para o meu gosto, chatas e repetitivas, por ser ano eleitoral também proliferam as convenções partidárias, deixando à mostra o erro do processo eleitoral que permite a multiplicidade de partidos políticos, na grande maioria siglas de aluguel, tudo em nome de uma democracia capenga e muito carente de aperfeiçoamento.

A grande maioria dos partidos políticos criados no Brasil não tem qualquer fundo de ideologia. Os programas são os mesmos, quase que copiados uns dos outros, somente para efeito de registro como sigla partidária e ter uma remuneração própria. Não têm filiados  na maior parte do país, não têm lideranças de expressão nacional, na verdade, não têm nada, exceto o direito de concorrer a pleitos eleitorais com aquele número de “gatos pingados” que conseguem refúgio nas siglas de aluguel.

Mesmo assim, ao formarem Comissões Provisórias nos municípios, tais partidos negociam vagas para alianças, de forma que os grandes alojem as sombras dos seus muitos candidatos naquela sigla. Nos grandes centros, essas siglas de aluguel servem para acumular para os grandes partidos o tempo de propaganda política no rádio e na televisão.

Isso está na cara de qualquer um, mas ninguém  faz nada para coibir essa vergonha com “jeitinho brasileiro”, mesmo porque, seus mentores são exatamente os deputados e senadores que se beneficiam da baderna institucionalizada.

Pois bem: uma coligação ou aliança partidária, nos dias atuais, deve ser feita em termos de de programas de governos e nunca na divisão de cargos como se tem visto por aí. Esse “toma lá dá cá” tem sido pernicioso para o povo, que acaba sendo “vendido” no embrulho que enche bolsos de espertalhões que respondem por siglas partidárias inexpressivas.

“Nosso partido fica com você se você nos der 6 secretarias” ou “você paga o que já gastei na campanha e eu  retiro minha candidatura” ou ainda “fico com você, mas quero 50 empregos e pelo menos, duas secretarias, sendo uma delas a de Educação ou de Saúde” é o tom que predomina nas alianças partidárias que se costuram  por aí. E olha que é gente que alardeia moralidade política… Essa postura é imoral, tanto para quem pede quanto para quem aceita. Os tempos são outros e para se ganhar uma eleição não é preciso que se venda a alma ao diabo. É preferível negar agora do que chorar depois.

Evando Salim  






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