São Fidélis, 168 anos de emancipação político-administrativa.

12 de abril de 2018

Olá caros leitores, na quinta-feira, dia 19 de abril, São Fidélis comemora 168 anos de elevação à categoria de Vila. Sendo assim, apresento para vocês neste artigo como a freguesia pequena, ganhou força e capacidade para se tornar vila. A freguesia de São Fidélis era de grande importância regional no século XIX, pois por ela passavam grande parte da produção de café da região das Minas Gerais.

A região era tão privilegiada que teve até um Barão, título dado pelo imperador D.Pedro II a João Manoel de Souza, o Barão de Vila Flor, dono de uma das mais produtoras fazendas de café da região, a fazenda São Benedito que era um centro de produção muito importante. O destaque dessas terras era tão grande que o imperador D.Pedro II  esteve aqui por cinco vezes.

Na primeira vez em que o imperador esteve nessas terras, em 1847, o futuro Barão de Vila Flor solicitou a elevação da freguesia de São Fidélis à categoria de vila. O imperador, nada tendo contra, concedeu a elevação em 1850 pela lei provincial nº 503 de 19 de abril de 1850. Porém para se tornar vila, a então freguesia teria que construir uma cadeia, bem como a sede da câmara de vereadores. Na época que João Manoel solicitou ao imperador a elevação, essas sedes ainda não estavam construídas, o que fez demorar mais cinco anos o decreto que elevou a freguesia à condição de vila, o que ocorreu de fato em 1855.

Com uma extensão de 3 551 quilômetros quadrados, pertencia a então Vila de São Fidélis em 1850 as seguintes freguesias: Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Ponte Nova (Cambiasca); Freguesia de São Bom Jesus do Monte Verde (Monte Verde); Freguesia de São José de Leonissa (Itaocara); Freguesia de Santo Antônio de Pádua (Pádua); Freguesia de Nossa Senhora da Piedade de Lage de Muriaé (Lage de Muriaé) e Freguesia de Santo Antônio dos Brotos (Miracema). Atualmente, desde 1943 o município de São Fidélis se constituiu de cindo distritos: São Fidélis, Ipuca, Pureza, Colônia e Cambiasca respectivamente. Atualmente, possui uma área de 1.027 quilômetros quadrados.

Com o tempo, as localidades que pertenciam a São Fidélis foram se tornando independentes. De igual forma ocorreu com o povoado de São José de Leonissa, que se transformou em município, em 1890, com a denominação de Itaocara. Houve também mais um desmembramento do município de São Fidélis, originando o distrito de Cambuci, que foi elevado à categoria de vila em 1891.

Nos anos seguintes após 1850, os locais das florestas virgens, que eram as margens do rio Paraíba do Sul, se transformaram em grandes cafezais, cujo produto era exportado pelos portos de Macaé, Porto das Caixas, Estrela, Angra dos Reis, Parati e Mangaratiba. A introdução das primitivas máquinas de beneficiamento de café e milho, o engenho de roda, o pilão, os ripes e o monjolo, feitos pelos “mineiros”, e ainda os carros de bois, aceleraram os trabalhos nas fazendas. Era o progresso que se aproximava para a Vila de São Fidélis.

Com o uso da mão de obra escrava, a cultura cafeeira atingiu o auge por toda a região, principalmente nas proximidades da vila. Assim, cresceram várias fazendas – dentre elas a mais importante, a Fazenda São Benedito. São Fidélis, por estar localizada nas proximidades de Campos dos Goytacazes, possuía a capacidade de ter um porto, pois o Rio Paraíba era navegável até as terras da cidade, sendo um importante local para escoamento de produção.

Dois municípios podem ser destacados na produção de café, naquele contexto: São Fidélis e Cantagalo. Os municípios de Cantagalo e São Fidélis se comunicavam diretamente, pois ambos tinham quase que uma mesma fonte de geração de renda, além do fato da produção de Cantagalo ser escoada por São Fidélis.

A proximidade do porto de São Fidélis em relação ao porto de Campos dos Goytacazes fazia da navegação entre elas um importante canal de trocas comerciais de e escoação da produção agrícola, principalmente no período de 1864 a 1870, se entendendo até 1888, auge da produção cafeeira.

Além do transporte de mercadoria, o transporte de pessoas desde a localidade de São João da Barra até São Fidélis era muito usado. Foram estes os fatores que geraram o fortalecimento do comércio e aumentaram a importância de São Fidélis na economia regional. Quando o rio não pode receber mais vapores que transportavam os produtos e pessoas, a economia local decaiu muito.

Segundo Carneiro, o território de São Fidélis era, em 1870, a mais importante vila do município de Campos dos Goytacazes. Porém, a pequena vila cresceu e passou a desejar ares de liberdade e emancipação. Com a eleição do Dr. Antônio Manoel Peixoto para a assembleia legislativa da província do Rio de Janeiro, o sonho de se tornar município ficou perto de acontecer. Em 03 de dezembro de 1870, a então vila de São Fidélis conseguiu se tornar município de São Fidélis.

Referências bibliográficas

BALBI, Aloysio. São Fidélis A história consagrada. Rio de Janeiro: Gráfica & editora Minister, 2009.

CARNEIRO, Aurênio Pereira. História de São Fidélis. Niterói: Imprensa Oficial, 1988.

CARNEIRO, Aurênio Pereira.História das principais avenida, praças, ruas e jardins.São Fidélis.1974

LAMEGO, Alberto Ribeiro. Setores da Evolução Fluminense: O homem e a serra. Rio de Janeiro: IBGE, 2007.

LAMEGO, Alberto Ribeiro. A terra goytacá. Niterói:Diário Oficial,1943.

PALAZZOLO, Frei Jacinto de.História da Cidade de São Fidelis.Rio de Janeiro: Gráfica e Editora Rio São Paulo LTDA,1963.

SEIXAS, Ruy Fernandes. Nosso Progresso. Campos dos Goytacazes: M.Zulchner& Cia.1930

Por Evando Freitas – professor, historiador e pesquisador

 






www.saofidelisrj.com.br | Copyright 2001 - 2024 todos os direitos autorais reservados
Jornalista responsável Nelzimar Lacerda | Registro profissional DRT/RJ 29740