Na volta às aulas, sempre há expectativa por parte daqueles alunos que irão ingressar pela primeira vez no universo escolar, bem como àqueles que já fazem parte dela e contam os dias para o retorno, em busca de novas experiências, saberes, rever colegas e professores etc. Mas no que se refere ao sistema de gestão das escolas públicas do país, os prognósticos são nebulosos, necessitando de tratamentos intensivos e urgentes, senão permanecemos eternamente no submundo, perpetuando na sociedade a síndrome de vira-latas.
É preciso encarar com responsabilidade e seriedade o contexto crítico em que nos encontramos e, ao confrontarmos com a dura realidade, “o descaso com a Educação”. Conforme mostrado diariamente nos meios de comunicações, as escolas encontram-se em estado degradante, com estruturas físicas colocando em risco alunos e professores. Também há a desordem administrativa, a carência de materiais pedagógicos básicos, ferramentas essenciais para agregar qualidade à prática educativa em prol do desenvolvimento das potencialidades e aprendizado do educando. Sobretudo, faltam meios de atrair o aluno e motivá-lo a frequentar a escola.
Se não há como atender o cotidiano escolar com espaços físicos decentes e estruturados, imaginem em relação aos aparatos tecnológicos que têm feito um diferencial e são facilitadores enquanto ferramentas na sociedade da informação ou “Idade Mídia”. O que a escola pública brasileira e professores têm oferecido para motivar e atrair os alunos, de fato? Ainda, pesquisas realizadas demonstraram que a maioria do professorado brasileiro está longe de dominar as ferramentas para produzirem e planejarem suas aulas com mais qualidade e interatividade. Ou seja, boa parte deles vivem “desplugados” ou totalmente fora da produção e pesquisas afins, as quais poderiam auxiliá-los a favor da qualidade de suas aulas. Com isso, consequentemente, teríamos um corpo discente motivado, mais preparado para sociedade da informação.
Em contrapartida, a realidade nos remete a outro contexto. O contexto conta com docentes despreparados para lidar com a diversidade, aulas monótonas, desinteressantes, cansativas, maçantes, com conteúdos pautados a gosto do freguês (Estado) e retrógrados. Vale salientar que alguns dos fatores apresentados implicam na motivação do corpo discente.
O que se aprende na escola é, na realidade, transferência de conteúdos, memorização crua, atividade passiva, de forma a limitar o próprio desenvolvimento da capacidade de construção e senso crítico desse alunado. Com isso, há quem julgue que a maioria das escolas brasileiras, a partir desse contexto, está mais para um teatro de vampiros que qualquer outra coisa. Mediante tantas mazelas, fracassos, descasos e atrasos, os atores sociais acabam se perdendo no tempo e no espaço, sem rumo. Conclusão: o que as escolas e professores têm para oferecer aos alunos para que eles possam retornar e permanecerem motivados no dia a dia em suas aprendizagens?
Por Luciana Alves – Pedagoga, Serviço Social e especialista em Educação Inclusiva e Precoce.