E a velha República que de nova não tem nada, completa 124 anos! E pensar que a mesma nasceu através de um golpe entre traições, desmandos, corrupção, enfim. Assistindo ao filme, “A paz é dourada” – de Noilton Nunes, (cada vez mais atual e bem recomendado para hoje) serve-me de gancho nessa reflexão sobre que República é essa a qual vivemos.
Percebe-se o quanto Euclides da Cunha pensou, lutou e sofreu por essa República que, no entanto, ao pressentir que fora traído e perseguido por pensar, de fato, numa outra República (que não fosse essa) e cujos ideais e princípios não correspondiam aos interesses escusos daqueles que tinham outras pretensões e os quais se instalaram no poder e transformaram a República numa orgia de corrupções e injustiças sociais como funciona nos dias atuais. Realmente, não temos uma República tal como pensou e desejou Euclides, mas sim a República dos interesses capitalistas e fisiológicos. E a história se repete. Depois da sucessão de escândalos desmantelados nesse país, pela polícia federal, mostrando-nos a cara dos detentores dos crimes de colarinho branco, das togas e dos capelos, assim caminha a República fisiológica que protege os criminosos e corruptos, como esses dos mensalão, mensalinhos e muitos outros que prefiro nem enumerá-los.
Isso prova que nessa República, os tribunais sempre foram considerados mais um mercado de sentenças e liminares para quem tem grana e foro especial, que qualquer outra coisa que seja por ex., a moralização pelo bom uso do erário público e da justiça social. Realmente, são tantos habeas corpus e “embargos infringentes” que impediram/impedem esse país de ser passado a limpo.
O que esperar de um país onde todas as estruturas do poder estão em desmoronamento e cujo comando desses mecanismos constituídos para sedimentarem o cumprimento das leis, por parte dos que deveriam dar bons exemplos de gestão transparente e com base nos cinco princípios dos atos administrativos (legalidade, impessoalidade, moralidade, eficiência e publicidade) estão enlameados até alma?
Ainda, o tempo passou e as tais reformas nunca passaram das falácias e do engavetamento, como a da política que continua permitindo que os fichas sujas permaneçam na berlinda e na caça aos votos, porque mais sujos ainda são os partidos que os aceitam e o povo que os elegem.
Melhorias na Saúde e na Educação também não passam de maquiagens e estatísticas divulgadas pelo principal órgão de governo (IBGE) bem como a própria mídia hegemônica que abocanha vultosas verbas publicitárias para promover o marketing político dos governantes.
Logo, nesse cenário de contradições da República, chega-se a conclusões que os anarquistas do século XIX, tinham total razão ao acharem que todo trabalho era uma escravidão, bem como não viam diferença entre reis, tiranos, fascistas e políticos eleitos pelo povo.
E assim segue a República do fisiologismo, cada vez mais mascarada, difusa e sem nenhuma identidade ideológica que possa oferecer caminhos do bem, da justiça e da verdadeira ordem e progresso.
Editorial São Fidélis RJ