A Justiça Federal recebeu nesta ultima semana a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal contra Paulo Cesar Azevedo Girão, de 58 anos, proprietário de uma fazenda na localidade de Angelim em São Fidélis, onde quatro homens eram mantidos em condições análoga a escravidão por até 14 anos. Além do proprietário, também foram denunciados o seu filho, Marcelo Conceição Azevedo Girão, de 32 anos, e Roberto Melo de Araújo, de 37 anos, “capataz” da família e responsável por trancar as vítimas em um quarto.
Os três estão presos na Casa de Custódia Dalton Crespo desde o dia 26 de abril quando a Polícia Civil montou uma operação e estourou o cativeiro onde os trabalhadores eram mantidos. O caso só foi descoberto quando uma das vítimas conseguiu fugir na noite anterior e procurou a polícia. Um caso grave, pois no casebre cheio de lixo e em condições sub-humanas onde os trabalhadores, Roberto de Oliveira, de 36 anos, Davi Pereira Ferreira, 38 anos, ambos de São Fidélis, Cirlei Rodrigues Moreira, de 36 anos, de Itaperuna e Romário Mota Rosa, de 26 anos, morador de Campos, eram mantidos em regime escravo. A Justiça agora tem um prazo de 60 dias para marcar uma audiência de instrução e julgamento, onde serão ouvidas as testemunhas e os réus. Um outro processo segue na Justiça do Trabalho para que os quatro trabalhadores possam receber todos os benefícios que não foram pagos ao longo dos anos em que trabalharam para Girão (de 8 a 14 anos, dependendo de cada caso).
No dia anterior da operação, policiais civis voltaram até a localidade para resgatar o senhor Manoel Ferreira, pai de Davi Pereira Ferreira, de 38 anos, uma das vítimas. Nossa equipe conversou com o senhor, o qual disse não saber muito o que estava acontecendo.
Segundo Manoel, a mulher do caseiro (Roberto que está preso) recebia sua pensão, e que o filho morava no Rio e tinha conseguido o emprego no local. O senhor disse que não sabia que o filho não recebia o benefício.
Agora a polícia investiga uma informação de que dois homens teriam morrido na fazendo enquanto eram mantidos nas mesmas condições que os demais. O caso está sendo investigada pela Polícia Civil. As vitimas segundo uma reportagem do jornal Extra, seriam Eleandro da Conceição Santos, que teria falecido em 2001, e Ademir Silva da Costa, falecido em 2009.
Os dois seriam responsáveis por fazer a comida do grupo e seus familiares não possuem documentos comprobatórios sobre a morte e nem sabem onde possam estar os corpos. O delegado titular da 141º Delegacia Legal de São Fidélis, Rodrigo Maia, confirmou a morte de um trabalhador no local, mas disse que isso não significa que o corpo esteja na fazenda. O delegado não pôde passar mais informações para não atrapalhar as investigações.
O Ministério Público Federal informou que se o procurador solicitar um mandado de busca e apreensão, novas diligências podem ser feitas na fazenda.
Reportagem: Jainne Oliveira