Acusados de manterem homens em regime escravo numa fazenda em Angelim podem pegar até 8 anos de prisão.

27 de abril de 2014

Homens da 134ª Delegacia de Polícia Civil de Campos, voltaram no início da tarde deste domingo (27), ao cativeiro e à fazenda onde quatro homens eram mantidos em situação análoga à escravidão em uma casa na localidade de Angelim, terceiro distrito de São Fidélis.

Na noite de sexta-feira (25) uma das vítimas, que era de São Fidélis, conseguiu fugir e foi até a casa do sobrinho que fica cerca de 10 km do local, e, de lá, o sobrinho foi com ele até a 141ª Delegacia Legal no centro de São Fidélis e comunicou o fato. Uma operação envolvendo policias da 141ª e da 134ª DP foi montada para resgatar as outras três vítimas na tarde de (26).

Em depoimento, as vítimas Roberto de Oliveira, de 36 anos, Davi Pereira Ferreira, 38, ambos de São Fidélis, Cirlei Rodrigues Moreira, 36, morador de Itaperuna e Romério Mota Rosa, 26, morador de Campos dos Goytacazes, disseram que recebiam ameaças quando manifestavam o desejo de irem embora, e um deles disse que foi agredido várias vezes. A última vítima a ser recrutada passou oito anos no cativeiro e o mais antigo, 14 anos.

Em depoimento, o proprietário da fazenda, Paulo Cesar Azevedo Girão, 58, disse que pagava cerca de R$ 50,00 reais pelos trabalhos, mas as vítimas disseram que nunca receberam nada.

Ainda, três vizinhos serão intimados para comparecerem à delegacia a fim de prestarem depoimento.

“Eles tomavam café, almoçavam e jantavam. Às 4h da madrugada eram levados para a fazenda, pelo capataz, e só retornavam às 17h direto para o quarto onde ficavam trancados”, enfatizou Paulo Pires.

“A polícia vai buscar uma instituição de atendimento que possa dar suporte às vítimas, pois elas precisam de atendimento social e psicológico”. concluiu o delegado.

No local onde funcionava o cativeiro, que fica ao lado da casa do caseiro Roberto Melo de Araújo, 38, a equipe de reportagem encontrou o senhor Manoel Ferreira, pai de uma das vítimas. Segundo ele, a mulher do caseiro recebia sua pensão, e que o filho morava no Rio e tinha conseguido o emprego no local. O senhor disse que não sabia que o filho não recebia.

O delegado disse que esse mesmo pai de uma das vítimas também foi funcionário da fazenda, mas como ficou cego, não foi mais obrigado a trabalhar.

Um perito da Polícia Civil que foi até o local na noite de ontem (26), constatou a precariedade do local. No imóvel havia apenas duas camas e um colchonete, além de um armário, um banheiro e uma pia com uma grelha de churrasqueira em cima. O imóvel sequer possuía uma geladeira e um fogão.

As vítimas não possuíam carteira assinada e não recebiam nada pelo trabalho, além de viverem numa situação sub-humana, recebendo uma ou duas refeições por dia. O cenário encontrado na segunda visita dos investigadores da Polícia Civil na tarde de (27) era pior do que o encontrado no dia anterior, ou seja, muita sujeira e até um local onde estavam porcos, foi encontrado.

O proprietário da fazenda, Paulo Cesar Azevedo Girão, 58, o filho Marcelo Conceição Azevedo Girão, de 33, e o empregado Roberto Melo de Araújo, 38, vão responder por crime de restrição à condição análoga e a de regime escravo, e podem pegar de dois a oito anos de reclusão.

Fotos e reportagem: Vinnicius Cremonez






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