Mais tragédias se repetem em um novo ano que mal começou, quando, ainda se tem na memória, as imagens e as estatísticas recentes das que aconteceram em anos anteriores. Pior que as tragédias provocadas pelas intempéries do tempo são os cinismos, a inércia, a corrupção e o descaso dos governantes que preferem a banalização das perdas de vidas humanas para obterem lucro no jogo de aparições na mídia que lhes contabilize votos em ano de eleição, de modo que por serem tão cara de pau, são capazes até de chorarem as perdas de vidas a arregaçarem as mangas para liquidarem de vez com a burocracia e a corrupção com o dinheiro público, cuja maioria da população jamais conseguiu ver quaisquer obras prometidas para os sobreviventes e desabrigados, como por ex., da maior tragédia ocorrida na Região Serrana. E a realidade volta à cena feito filme de terror. Não basta só ficar lamentando os fatos ocorridos. É preciso que as instituições e o aparelho jurídico e governamental desse país façam o que ainda não foi feito: governar com responsabilidade, transparência, desburocratização e ações concretas.
O quadro das tragédias provocadas no país está associado a um conjunto de fatores, entre eles, a ocupação irregular do solo urbano, da mesma forma o descaso por parte dos governos em não resolver os problemas, concentra-se nas medidas paliativas para empurrarem os problemas por conta de outros interesses escusos. Não se pensar em um plano habitacional para a população que mora em áreas de risco, como as da Região Serrana depois de tudo o que aconteceu é, no mínimo desejar que os moradores sejam soterrados de vez.
Além destas e tantas outras, a sensação que se tem é que vivemos na iminência de tragédias de todos os tipos que só nos possibilitam a lamentações em manchetes por toda a Mídia, feito trilhas do dia seguinte em seus players fúnebres de imagens para mais um quadro da triste história que se repete.
Coincidentemente, enquanto em Petrópolis/RJ o Corpo de Bombeiros com seus incansáveis guerreiros em “salvar vidas alheias” tentam resgatar mais vidas soterradas, ou melhor, corpos, em mais um filme explícito da dura realidade, em Montes Claros/MG – encontra-se uma missão japonesa comandada por Hiroko Kondo, visitou a cidade mineira para participar de um seminário internacional sobre prevenção de desastres e orientar os moradores sobre as medidas que devem ser adotadas para prevenir danos quando ocorrerem abalos sísmicos. Ironicamente, há pouco mais de dois anos, o Japão sofreu um grande terremoto entre tantos outros que via de regra, por uma questão da densidade geográfica do país, tal fato é muito comum por lá. E em questão de meses tudo foi reconstruído.
Entretanto, já se passaram dois anos que as tragédias aconteceram e outras chegaram/chegam, bem como liberações de dinheiros e demais ajudas de toda ordem sumiram sem que nada fosse feito. E a morosidade da justiça brasileira continua sem que os responsáveis pelos roubos e desvios nada lhes aconteçam.
Seria bom e viável também que, os nossos governantes tivessem não uma missão japonesa para lhes ensinar como governar com integridade moral o dinheiro público, bem como a arte de governar com responsabilidade e transparência como fazem os governos japoneses.
Não obstante, essa missão, infelizmente, só acontecerá no dia em que o povo brasileiro aprender a escolher melhor os seus representantes, de modo que não tenha que fazer do voto uma moeda de troca, e sim uma arma preventiva contra todas as demais tragédias. É necessário, portanto, cobrar de forma enérgica, os preceitos constitucionais sobre direitos sociais e fundamentais que estão escritos na Carta Magna.
Editorial – São Fidélis RJ