O carnaval na Cidade Poema está confirmado pela Liga das Escolas de Samba de São Fidélis (Liesf), entidade responsável pela organização da festa da cultura popular local com o tema: ‘Com você na avenida dá liga no carnaval’.
Segundo o presidente da entidade, Cláudio Cunha, apesar da falta de recursos por parte da prefeitura que sempre destinou anualmente, valores repassados para cada escola e blocos, ao contrário deste ano que já havia sido comunicado que em função da crise, a prefeitura não teria como fazer repasses para as escolas por conta da perda de recursos oriundos dos repasses dos governos estadual e federal, o que levou a prefeitura a ter que fazer contenção de gastos para cumprir com seu orçamento, o que já era previsto e sabido por todos desde o começo do ano passado.
Sendo assim, a Liga tem se reunido com os representantes das agremiações para que haja um carnaval como em todos os anos, independente de não haver desfile de escolas de samba, bem como a prefeitura já havia cedido um quiosque equipado na beira rio (próximo a Cedae), para que as escolas de samba pudessem explorar o espaço no sentido de angariar recursos durante o ano para o carnaval.
Entretanto, não houve muito interesse ou disponibilidade das agremiações em movimentar tal local na obtenção de recursos próprios para o carnaval, o que já deveria ser feito como sendo uma contrapartida das escolas para pleitearem, futuramente e que poderá ser uma exigência legal, para se obter recursos públicos.
Segundo o presidente da Liesf – Claudio Cunha – há dois anos, ele apresentou um projeto de se fazer um carnaval voltado para os bons tempos dos carnavais, ou seja, uma festa mais popular trilhada nas marchinhas, dos grandes blocos carnavalescos que faziam um carnaval percorrendo as ruas da cidade e bairros. Um carnaval satírico e animado com os bois pintadinhos, mulinhas e etc. Ou seja, saí da ditadura dos desfiles pasteurizados que só passam por alguns instantes numa pequena avenida e nada mais.
“A ideia, de fato, foi como uma semente plantada há dois anos, para que pudéssemos começar a mudar aos poucos essa visão e fazer um carnaval mais popular e participativo, bem como levar todos que fazem parte da organização do carnaval a uma reflexão, sobre a questão dos gastos que envolvem na organização das escolas de sambas, de modo a que quando levantei há dois anos essa proposta, parecia surreal, mas precisou uma situação de dificuldades apresentada economicamente, para que agora muitas pessoas pudessem realmente entender que há uma necessidade por parte dos que gostam do carnaval e que são parte do fomento dessa festa popular, de se reinventar, serem mais criativos, unidos e mais independente também, isto é, cada um trabalhar um pouco sem precisar depender somente dos repasses de verbas destinadas para a cultura popular. Tudo bem que tem que haver parcerias, como, por exemplo, a logística, a infraestrutura e etc. Mas a festa popular tem que partir do povo para o povo.
E já há um número de oito blocos, por exemplo, confirmados em fazer um carnaval bem animado, alegre e organizado. Inclusive este ano haverá blocos organizados e que desfilarão nos bairros da Ipuca e Coroados, bem como as ruas do centro contarão com decoração, enfim, o carnaval acontecerá bonito e animado com apoio na logística acertada com o poder público municipal também”, afirmou.
Ainda de acordo com as informações repassadas, após todo o fechamento do roteiro do carnaval deste ano, a Liga disponibilizará em sua página na rede social, os modelos de abadás e camisas que serão disponibilizadas para quem desejar adquirir e participar dos blocos carnavalescos. Sendo assim tudo está sendo organizado para que todos que vierem para a Cidade Poema, além da população residente, poderão contar com a festa popular animada e na paz.
Vale destacar que diversas cidades do interior do estado do Rio cancelaram seus desfiles de escolas de samba e demais gastos com o carnaval, e isso prova mais uma vez o quanto a forma de dependência de dinheiro público para carnaval se tornou um vício em boa parte do país.
In tese, com base numa visão crítica e analítica, por parte de alguns renomados pesquisadores das festas tradicionais populares, entre eles, Dr. Dalmer Pacheco e Roberto Da Mata, a indústria cultural com base nos efeitos da globalização, cujo discurso dessa mesma indústria sempre foi o político/mercadológico, e assim sendo acabou prejudicando essas festas populares tradicionais que passaram a cair no jogo da dependência de grupos por interesses fisiológicos, o que nos leva relembrar, por exemplo, o que disse Neguinho da Beija-Flor: “Se temos o maior espetáculo do planeta, agradeça a contravenção”.
A reportagem estará divulgando toda a programação assim que tudo for fechado e informado pela Liga.
Por Nelzimar Lacerda