Em função da pesquisa que vem sendo realizada há alguns anos pelo historiador Evando Freitas, bem como pela jornalista, pesquisadora e produtora de cultura digital, Nelzimar Lacerda, uma série de publicações consideradas de grande valor para o marketing turístico e cultural da cidade, de modo ainda a contribuir para a construção do inventário turístico do município, visto ser uma das exigências para os próximos anos no que se refere ao firmamento de parcerias em desenvolvimentos de projetos para o setor local.
Sendo assim, para levar os nossos munícipes e demais turistas/visitantes que chegam à Cidade Poema, a conhecerem os bairros e distritos e demais produtos turísticos do município. Informamos que todos os trabalhos de pesquisas documentados já realizados encontram-se disponibilizados em alguns links na home page do site, além da coluna de Evando Freitas. Em breve novas publicações estarão disponibilizadas.
Nesse contexto, seguem os registros pesquisados e levantados sobre o processo de colonização do 4º distrito Colônia – que, assim como o 3º distrito de Usina e Vila de Pureza – tiveram suas raízes de descendência totalmente europeia na colonização nos referidos distritos.
Bem vindos ao 4º distrito Colônia
Da Freguesia de São João Batista a Colônia
Anteriormente, o 4º distrito, denominava-se Dois Rios, criado em 1911, tendo a sua sede no povoado de Colônia. No quadro anexo ao Decreto estadual nº 392-A, de 31 de Março de 1938, foi estabelecido que o antigo de Dois Rios passaria a denominar Colônia.
O topônimo Colônia prende-se ao fato de ter se instalado na localidade, denominada Freguesia de São João Baptista do Valão dos Milagres dos Veados, uma colônia de franceses, no ano de 1854, cujas famílias em destaque eram: Panisset, Gaudard, Crellier, Pointis, Signourel, Wetterling, Boynard, Eccard, Grosjean, Veichard, Louvain, Falquet, Brahmam, Saint Jean, Lummay, Poget, Jaillerat, entre outros. Ainda, no 4º distrito localiza-se a Usina de Pureza que pertenceu ao Visconde de Caus Serans.
A história de Colônia.
Além da cidade e de Ipuca, Colônia e Cambiasca são duas das comunidades mais antigas do atual território municipal. A data de chegada do homem branco a essas comunidades não é precisa, mas podemos contar a partir da construção da primeira igreja, pois na época uma das primeiras construções em um local de povoamento era um templo religioso.
A região era uma propriedade de Eugênio Aprígio da Veiga, que por uma iniciativa particular tentou formar um núcleo de povoamento sobre o regime de trabalho livre. Em 13 de janeiro de 1845 Eugênio solicitou da Secretaria do Estado dos Negócios do Império a vinda de imigrantes para sua fazenda, na região do Valão dos Veados.
Assim, no ano de 1847 foi oficializada a colônia do Valão dos Veados com 342 colonos, na maior parte portuguesa. Nos dez anos seguintes também vieram cerca de mais 600 colonos para a mesma região, porém esses sem registros de nacionalidade. Com o tempo acabaram por dispersar-se por regiões como Cantagalo, Santo Antônio e Palmital, mas mesmo assim o arraial contava com muitos colonos após a dispersão.
Em 05 de abril de 1854 foi criado um curato eclesiástico na colônia, posteriormente reconhecida pela lei provincial 829 de 25 de outubro de 1855. O pequeno curato eclesiástico logo foi elevado à categoria de freguesia em 17 de outubro de 1857, com a invocação de São João Batista do Valão dos Veados. Porém a pequena freguesia não prosperou como esperado, sendo a sede transferida para o arraial de Ponte Nova (Cambiasca) no ano de 1864.
O relevo da região foi descrito na época como montanhoso, com vales pouco fundos e um valão que dava nome a comunidade. De difícil comunicação devido à falta de estradas, o meio mais rápido de chegar a região era por transporte fluvial. Além da falta de comunicação, os colonos encontraram muitos problemas, confronto com posseiros e pessoas contrárias a sua chegada e moradias precárias (suas casas eram feitas de um material chamado ADOBE junto com madeira e palha).
Uma das primeiras construções foi a Igreja dedicada a São João Batista, uma exigência da época do governo imperial para o estabelecimento de um povoamento, cabendo a Eugênio a responsabilidade de construir a igreja e manter o capelão.
Um destaque que deve ser dado à região da atual Colônia é o fato de ter sido uma região com muitos imigrantes europeus, principalmente portugueses e franceses. No ano de 1847 chegaram à região cerca de 342 colonos.
Por volta de 1870, a colônia do Valão dos Veados contava com a presença de 540 colonos, entre portugueses, franceses, belgas, alemães, espanhóis e italianos. Um fato que poucos sabem é que a região de Colônia foi a segunda maior em quantidade de imigrantes do Estado do Rio de Janeiro, só perdendo para Petrópolis.
Nos dias de hoje, Colônia é a segunda maior comunidade do interior, perdendo apenas para Pureza (3º distrito). Com uma economia voltada para agricultura e pecuária, a região cresceu lentamente. Todos os anos a comunidade comemora com grandiosa festa seu padroeiro no dia 24 de junho, São João Batista. Há, ainda, outras festividades menores, como festas juninas e folias de reis, além da mais recente festa: o Boia Cross na semana do carnaval, evento que tem reunido muitas pessoas, movimentado a economia local, além de proporcionar alegria e convivência aos moradores das comunidades e regiões vizinhas.
Por Evando Freitas – professor e historiador
Referências
COSTA, Emília Viotti da. Da senzala à colônia. 4ª Ed. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1998. Brazilgenweb – genealogia brasileira.
Franceses no Brasil: séculos XIX – XX/Laurent Vidal e Tania Regina de Luca (orgs.). São Paulo: Editora UNESP, 2009. ns, fundada em 22 de agosto de 1855, após autorização de S.M.D. Pedro II.