Euclides da Cunha, uma história quase que apagada

9 de outubro de 2017

A região da atual São Fidélis poderia ser muito importante no cenário turístico regional. Não estamos falando de visitas à Igreja Matriz, Solar do Barão de Vila Flor e Ponte metálica, ou qualquer outro ponto turístico. Referimo-nos, hoje, a um local e a uma pessoa que pouco se ouve falar em São Fidélis, a Cidade Poema, que acaba por esquecer um dos maiores escritores do Brasil que por aqui passou: Euclides da Cunha.

 Filho de Manuel Rodrigues Pimenta da Cunha e Eudóxia Moreira da Cunha, Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu em 20 de janeiro de 1866 em Cantagalo, onde hoje é o distrito de Euclidelândia. Destacou-se por ter estudado sociologia e ter sido repórter e grande jornalista, ainda encontrando tempo para ser engenheiro. Com apenas 3 anos de idade, o jovem Euclides ficou órfão de mãe, e foi então educado pelas tias.Assim, em 1871, o menino veio com sua irmã Adélia para a então Fazenda São Joaquim,hoje nos arredores de Valão dos Milagres, no 5º distrito de São Fidélis, onde morou com sua tia Laura, casada com o Coronel Magalhães Garcez.

 Em 1874, Euclides frequentou aulas no Colégio mais popular da época, o Colégio Caldeira, do pedagogo português Francisco José Caldeira. Em 1877, o jovem foi para Salvador morar com os avós maternos. Em 1879, volta a viver no Rio de Janeiro, onde passou anos se dedicando aos estudos. Trocou de escola várias vezes, mas encontrou no exército uma mudança de vida. Com pensamento republicano, foi dispensado do exército e vai morar em São Paulo.

 No ano de 1897, foi enviado como correspondente à Bahia, para escrever sobre os conflitos do arraial de Canudos. Dessa viagem originou a sua mais importante obra: o livro Os Sertões. No ano de 1906 tornou-se membro da academia Brasileira de Letras, onde ficou por pouco tempo, pois em 1909 Euclides foi até o subúrbio Carioca da Piedade atrás do tenente Dilermando de Assis, por causa de conflitos pessoas (especula-se que este seria amante de sua esposa), e no encontro houve troca de tiros. Euclides foi atingido vindo a óbito. O episódio ficou conhecido como “A Tragédia da Piedade”.

A vida de Euclides em São Fidélis

Como já citado, o menino Euclides morou em São Fidélis junto com sua irmã, numa fazenda do interior de nosso município. Chegou nesta região com seus 5 anos e logo começaria sua vida escola.Pouco se fala, mas Euclides estudou em nossa cidade, e devemos, por isso, ter orgulho de ter sido em terras fidelenses que um dos maiores autores brasileiros começou seus primeiros passos rumo ao saber. Euclides estudou no Colégio Caldeira, que ficaria localizado onde hoje é a Gamboa; essa escola trocou de nome e foi comprada já no século XX pela Mitra Diocesana de Campos se tornando, posteriormente, Ginásio Fidelense e hoje o Colégio Fidelense.

Com relação ao local onde morou o “imortal” (como são chamados os membros da Academia Brasileira de Letras e literatos consagrados em geral), é triste saber que não foi preservado. A fazenda ficou abandonada por muito tempo e foi demolida. Em recentes pesquisas, estivemos até o local onde era localizada a fazenda e constatamos que quase nada resta do grande autor em terras fidelenses. Só a calçada da fazenda e as famosas pitangueiras da qual Euclides cita, em que pregava a boiada, ainda existem. Ainda se pode ver também alguns muros e a área usada para secar o café, na época dos escravos.

 Uma importante curiosidade é a existência até hoje de um túnel que liga uma parte da fazenda a outro ponto. Segundo moradores locais, era por onde os escravos passavam para fuga; outros dizem que era para exploração de algum minério. Não se sabe, de fato, sua finalidade.

E se essa fazenda ainda estivesse de pé? E se a cidade valorizasse, na época, esse local para um museu, uma área para o turismo, o que poderia ter acontecido?

 Será que honraríamos mais o nosso apelido de Cidade Poema? Cremos que sim. Mas agora não nos resta mais nada, apenas lembrar e aprender que a história não pode ser abandonada e demolida, pois pode ser fonte de renda, crescimento e herança cultural de enorme valor para um povo. E o que resta da passagem de Euclides por São Fidélis?As pitangueiras e uma rua que leva seu nome.

Como sugestão em homenagem a Euclides da Cunha, sugerimos também uma releitura no filme “A paz é dourada” de Noilton Nunes em comemoração ao centenário de Euclides da Cunha em 2009.

Por Evando Freitas

Fonte: http://www.euclidesdacunha.org.br






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