A volta do kirchnerismo e o medo bolsonarismo As primárias argentinas aconteceram no dia onze de agosto onde foram estabelecidos os candidatos que irão disputar a ocupação da Casa Rosada. Para surpresas de todos (ou nem pra tantos assim) o atual presidente, Maurício Macri ficou bem atrás da oposição encabeçada por Alberto Fernández que tem como sua vice a ex presidenta Cristina Kirchner.
Vindo de sucessivos descontroles do seu cargo, altas inflações e impopularidade, Macri se vê num abismo político em que seu governo entrou desde quando assumiu a presidência. Ameaçado pela volta do progressismo ao poder, de nada faria ele depois do ocorrido no domingo a qual o povo argentino se consolidou em uma provável volta do kirchnerismo.
Não faltaram palavras de repúdio do presidente Bolsonaro pelo fato, segundo ele “Argentina está cada vez mais próxima da Venezuela” como era de se esperar da mesma pessoa que utiliza o país de Maduro como adjetivo para petralha, da mesma forma que se a reforma da previdência não fosse aprovada, o Brasil seria igual a Venezuela.
Na verdade, o que o Bolsonaro e toda direita tem medo é que com a volta do kirchnerismo no poder, é uma possibilidade do país sair da sua crise e voltar ao crescimento, se isso ocorrer, os petistas podem comemorar, Bolsonaro assina o seu decreto de falência presidencial e veremos em 2022 uma ascensão exacerbada do lulopetismo peregrinando pelas vias políticas.
O argumento se fortalece quando no mesmo dia das eleições na Argentina, o seu país vizinho, Uruguai, também vão às urnas escolher seu chefe do executivo. Ali, a Frente Ampla que está no governo desde 2005 apresenta Daniel Martínez, ex prefeito de Montevidéo e o senador Luiz Lacalle Pou do Partido Nacional, opositor ao atual e liberal.
O centro-esquerda Martínez larga na frente e conquista a primeira colocação e o que tudo indica, a corrida presidencial será entre os dois candidatos com ideias bem ortogonais. O mercado financeiro reagiu negativamente com as primárias argentinas. O dólar subiu, as ações despencaram, porém, não se pode olhar para a vontade do povo achando que é a vontade do mercado, essa retórica sofre um misticismo em achar que ele é o responsável integral por tirar o país da crise.
Se todo esse argumento fosse verdade, quando Jair Bolsonaro chegou ao poder, em um breve período de tempo tivemos uma resposta positiva da IBOVESPA, mas o milagre não se persistiu e a moeda americana se supervalorizou, as ações cada vez mais em queda e a impopularidade tanto nacional quanto internacional só crescia.
As lunetas da política se voltam para a América do Sul nos próximos dias. A carruagem retórica do Mercosul e o gol de placa da política brasileira e os países que pertence ao bloco com o acordo da União Europeia podem refletir um amargo governista caso as eleições nos dois países sul americanos de inclinam para “mortadela”. O Brasil de Jair Bolsonaro ficaria arrasado e experimentando uma onda esquerdista que irá invadir a praia de seu governo nos próximos anos até as próximas eleições.
Matheus Macedo é formado em Fisica pela UERJ e aluno de mestrado em Sistemas Inteligentes pela UERJ. Tem experiência na área de Física de Altas Energias e Inteligencia Artificial. Atualmente, tem se dedicado ao concurso de admissão a carreira de diplomatas (CACD) do Ministério das Relações Exteriores.