O movimento grevista da Uenf (Universidade Estadual do Norte Fluminense) em greve há 60 dias, iniciou um percurso por várias cidades da região, conforme presenciado na cidade de São Fidélis, na manhã de terça-feria (27) onde vários integrantes foram bem recebidos pela população, para esclarecer a todos sobre o estado de abandono em que se encontra a instituição, bem como a luta pela reposição salarial dos professores e dos demais segmentos, incluindo o pessoal da área técnica e administrativa. Ainda, considera-se que a perda salarial dos servidores da Uenf já chega a 86%.
De acordo com as informações, o movimento tentou evitar a greve há três anos, de modo ainda que chegou até suspendê-la há duas semanas em função do pedido de um dos representantes do governo do estado que disse que o projeto visando corrigir tais perdas salariais dos professores e demais servidores fosse encaminhado à Alerj para apreciação e votação. Entretanto, isso não aconteceu e a categoria sentiu que mais uma vez foi enganada pelo governo. Ressalta-se, ainda, esse mesmo projeto foi prometido pelo governo do estado desde junho do ano passado, mas ficou somente na promessa, o que acabou levando a categoria não mais esperar e tomar a decisão pela greve.
O movimento conta com o apoio do DCE – Diretório Central dos Estudantes -“Apolônio de Carvalho”, visto que são mais de quatro mil alunos de graduações e que sentem na pele o estado de sucateamento em que se encontra a universidade, já que muitos são de outras cidades e a maioria não tem como se manter apenas com uma bolsa de 300,00 para viver em alojamentos da instituição em condições precárias.
Segundo o presidente do DCE, Braullio Fontes, “a situação é tão grave que o Centro de Ciências Humanas não conta nem com um ventilador de teto nas salas, uma vez que o calor na região é intenso e até o bebedouro da instituição está em estado deplorável, pois a água que é disponibilizada encontra-se totalmente amarelada, não temos segurança nenhuma no local, e, como todos sabem, a área estrutural e física da Uenf é um mundo para se percorrer e está perigoso permanecer num local enorme e aberto em meio aos riscos constantes de violência, já que a empresa que disponibiliza vigilantes para a área está há três meses sem receber”, afirmou.
Além de todos esses problemas citados, a Uenf tem perdido uma boa parcela de seus professores por conta da falta de valorização por parte do governo e demais condições dignas para atuarem. E isso é considerado pelo movimento uma situação grave porque a partir do momento que leva-se anos para que um pesquisador e um bom professor esteja preparado para ingressar na docência superior quem perde são os alunos que precisam concluir seus cursos de forma bem preparados para ingressarem tanto mercado e na área de pesquisas.
Com essa perda de mestres importantes fica mais difícil, tendo em vista que esse quadro não está sendo renovado e vem se perdendo diariamente por falta de uma política de valorização.
Para uma instituição que já foi considerada a melhor universidade do estado do Rio, considera-se que que a instituição só tem mesmo a lembrança de um status que não mais condiz na prática em função da sua triste realidade atual em que se encontra.