Verificaram desde logo os missionários e que “toda a beira do Paraíba estava bastante povoada de engenhos e fazendas, com avultada escravatura por uma e outra margem, até ao engenho do Sr. Alferes ângelo da Silva e Souza que era o último morador da Vila para cima, distante umas cinco léguas”. Ao longo dessas distâncias não havia uma única capela na qual o Sacerdote pudesse celebrar a Santa Missa e dar assistência religiosa àquela população espiritualmente desamparada.
A igreja mais perto era a de Santo António dos Garulhos, antigo Santuário de N. S. do Saco, muito afamado ao tempo em que lá se conservaram os missionários capuchinhos bretões, porém muito distante. A viagem até lá se tornava penosa; além de vencer considerável distância, era preciso atravessar dois rios, o Muriaé e o Paraíba. Por essas razões os habitantes, os senhores de engenho, ouviam missa na Vila somente nas maiorias das solenidades e a maior parte da escravatura ia a igreja uma vez por ano, na ocasião da “desobriga”.
Com a chega da dos Capuchinhos à Gamboa, os habitantes passaram a freq?entar a capela provisória. Começou então o apostolado entre os civilizados e escravos pela pregação da palavra de Deus e a prática da religião, sendo a maior preocupação dos missionários instruir os já batizados e libertá-los da ignorância e da superstição. Para servir melhor aos habitantes e ajudá-los na prática da religião, todos os domingos e festas de preceito, um dos missionários celebrava a Santa Missa e administrava os Sacramentos no oratório do Engenho do Sr. Alfredes ângelo da Silva e Souza, desde muito abandonado por falta de sacerdotes. Ali, na hora dos atos religiosos, se reuniam os habitantes da vizinhança, aumentando cada vez mais o seu número, felizes por assistirem à Santa Missa e ouvirem a palavra de Deus.
Teve início assim o apostolado sacerdotal entre os habitantes daquela região, que viviam longe da igreja, dos índios e dos escravos.
P. Frei Jacinto de Palazzolo