O Saldo da República do Fisiologismo.

15 de novembro de 2012

O Brasil completa 123 anos de República e alguém poderia perguntar: o que temos para comemorar?  Apesar de muitas corrupções, desigualdade social reinante, maquiagens estatísticas a respeito de uma série de temas, entre eles, educação de qualidade. Neste caso, comemora-se apenas a inspiração de continuar acreditando que tudo um dia possa mudar, ainda que não se saiba se é para melhor, ou pior.  

A República foi conquistada no brilho cintilante das espadas e fardas dos marechais cheios de falsas promessas e propostas, levando a mesma já nascer fragmentada, distorcida e bastante prostituída, se observada a partir da historiografia dos fatos estudados, não através dos velhos livros didáticos que não contaram a verdadeira história, visto que a informação para tal finalidade, já era controlada também, onde não se permitia falar nada sobre as reais intenções, ações e os podres dos marechais de ferro, bem como os bastidores do clero.

Muitos morreram lutando pela República por acreditarem que ela seria a mola propulsora dos ideais transformadores em prol de uma nova conjuntura politica social e igualitária. E assim, sob a égide do clamor popular, a República nasceria para reparar ou consertar os erros dos regimes anteriores, o que, infelizmente, não se consolidou da forma que os sonhadores como, por ex., Euclides da Cunha e outros desejavam.

Mesmo engajando-se na luta pelo ideal republicano, todos os que na época, se sacrificaram pela República, não suportariam a dor maior, a traição. Lima Barreto, por não concordar com o sistema, foi tachado de louco e posto num sistema prisional não muito diferente do de hoje… “Triste fim de Polycarpo Quaresma”. E a história se repete.
Nesse contraponto entre as diversas correntes ideológicas, percebe-se que os anarquistas do século XIX tinha total razão ao acharem que todo trabalho era uma escravidão, bem como não viam diferenças entre reis, tiranos, fascistas e políticos escolhidos pelo povo ou não. 

Com isso, conclui-se que pouca coisa mudou com o advento da República até os dias atuais, ao perceber e analisar o quadro das injustiças sociais e da ausência de políticas públicas decentes, e libertadoras, mas que jamais foram proclamadas para o bem da nação que necessita de educação e saúde pública de qualidade.  E, assim, as políticas paliativas, assistencialistas foram instituídas como moeda de troca e voto de cabresto. 

Logo, com tantas distorções da República, infelizmente, não há como negar o saldo negativo como o caos e a proliferação das guerrilhas urbanas, deixando assim, a República cada vez mais mascarada, difusa e sem nenhuma identidade ideológica para trilhar caminhos do bem e da verdadeira ordem e progresso.

Nelzimar Lacerda – Jornalista






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