Olavo de Carvalho, o filósofo colaborador de Bolsonaro antes, durante e depois da vitória do presidente eleito, para ajudar o Brasil no que se refere a um novo tempo de governabilidade e mudanças como foi confirmado o desejo da soberania popular em face dos resultados nas urnas.
Escritor, jornalista, ensaísta e conferencista brasileiro. Atualmente, mora nos Estados Unidos. Olavo se tornou mais um dos inimigos da atual esquerda no Brasil porque, na verdade, ele foi a base de formação da campanha de Bolsonaro – ao vencer as eleições, desbancando, assim, a hegemonia partidária do PT no poder há 13 anos no Brasil, cujos principais ícones do partido ficaram manchados e reprovados nas urnas ao se envolverem em diversos escândalos de corrupção – o que culminou no impeachment de Dilma, condenação e prisão de Lula, bem como demais políticos aliados e correligionários do próprio PT, PMDB, entre outros.
Recentemente, Carvalho concedeu uma entrevista a uma jornalista do jornal O Estadão na qual replicamos abaixo os principais pontos destacados pelo veículo.
Responsável por indicar dois ministros do novo governo – Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Ricardo Vélez Rodrígues (Educação) – o filósofo Olavo de Carvalho rejeita o rótulo de ideólogo do presidente eleito, Jair Bolsonaro. “É lenda urbana”, disse. Em entrevista ao jornal O Estado De São Paulo, ele afirmou que há uma “dominação comunista” na educação brasileira e defendeu que seja feita uma “reunião de provas” sobre isso.
Por isso, disse que é ingenuidade levar o projeto Escola Sem Partido para debate no Congresso. Para ele, “uma guerra cultural se vence no campo cultural”. Olavo, que há 13 anos mora nos Estados Unidos, criticou ainda a imprensa brasileira e falou que a eleição de Bolsonaro “tem de ser respeitada”. A seguir, os principais trechos da entrevista:
Seu pensamento tem influenciado as decisões do novo governo, mas o senhor tem dito que teve pouco contato com o presidente eleito.
– Conversei com ele exatamente três vezes, por telefone. O Eduardo (Bolsonaro) esteve aqui uma vez e o Flávio (Bolsonaro) esteve uma vez.
Tivemos dois ministros definidos a partir de indicação do senhor, há mais indicações suas?
– Já gastei o meu estoque de ministros. Não tenho mais nenhum no bolso (risos). Infelizmente, não tenho mais ninguém.
Em uma entrevista em 2016 à BBC Brasil, o senhor fala que foi o “parteiro” de uma direita. O senhor coloca o governo Bolsonaro dentro dessa direita da qual se define o parteiro?
– É um governo de direita, sem dúvida, mas a mídia inteira está escandalizada por haver um governo de direita. Isso quer dizer que não pode ter um governo de direita? Só pode ter de esquerda? E eles chamam isso de democracia? Há 20 anos disse: o PT não está disposto a suportar o rodízio de partidos no poder. Quer ficar para sempre. E toda a mídia é cúmplice nisso, porque eles não aceitam que haja um governo de direta. Nos EUA, você tem um governo de direita e pode ter um governo de esquerda. Todos os países decentes do mundo são assim. No Brasil não pode? Bolsonaro é a representação da vontade popular e tem de ser respeitada. O pessoal da mídia tem de calar a boca e aceitar a realidade das coisas, aceitar que o rodízio do poder é a essência da democracia.
O Senhor crítica que o Escola sem Partido seja proposto no Legislativo. O que defende?
– O problema é a dominação que os comunistas exercem na educação brasileira, dominação tirânica, onipresente, que proíbe qualquer objeção e esconde as ideias do opositor. Esconde mesmo. Qual o primeiro ponto? Reunir as provas e escrever um trabalho científico a respeito. Não começar propondo um projeto de lei absolutamente ridículo. Os fundadores do Escola Sem Partido são meus amigos, pessoas pelas quais tenho muito respeito e carinho, mas é preciso ser um amador para tentar vencer uma guerra cultural com um projeto de lei.
Uma guerra cultural se vence no campo cultural: chamando os caras para a briga, demonstrando que são uns bananas, uns coitados, calando a boca deles com argumento. Você conhece um tal de Dicionário Crítico do Pensamento de Direita? Quando você vai ler o dicionário, todos os pensadores importantes da direita estão ausentes e, no lugar deles, colocaram meia dúzia de nazistas absolutamente alucinados. Eles escondem as ideias do adversário e ainda colocam falsificação no lugar delas. É uma obra coletiva feita por 104 professores universitários subsidiados com dinheiro público. Mas isso foi em 2000. Imagina o quanto essa dominação comunista se ampliou nesses anos. E na mídia, inclusive, na mídia aumentou muito, muito, muito. A mídia se tornou absolutamente intolerante com qualquer coisa que não venha da esquerda.
A esquerda ataca a mídia.
Não, você está enganada. Foi criticada quando começou a noticiar os casos de corrupção. Objeção política e ideológica à esquerda, a mídia jamais teve. A esquerda tem o monopólio da mídia brasileira. Sempre tem um ou outro de direita moderada para tirar a má impressão. O que é isso? É manipulação. As organizações de mídia são todas organizações criminosas e sabem perfeitamente que o pessoal do PT está ligado às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), com contrabando, e estão apoiando.
Organizações de mídia são organizações criminosas?
O PT dirige, dirigiu, durante anos o Foro de São Paulo, em parceria com as Farc, que são organizações criminosas, que inoculam 200 toneladas de cocaína por ano no Brasil. E estavam os dois lá de mãozinhas dadas dirigindo o Foro de São Paulo, que é a coordenação estratégica da esquerda no continente, e a mídia apoiando e acobertando e escondendo a existência do Foro de São Paulo. Durante 16 anos todos – Estadão, Folha, Globo, Veja – esconderam a existência do Foro de São Paulo. Esconderam, quando não negaram. E me chamavam de louco. Só pararam com isso quando, no terceiro congresso do PT, o próprio PT reconheceu que o Foro de São Paulo era coordenação estratégica do comunismo na América Latina. São todos cúmplices e todos organização criminosa, sim. Estão acobertando a maior trama criminosa da história da América Latina, que é o PT e as Farc.
Queria voltar a falar da Escola sem Partido.
Avisa o Estadão: se quiser me processar, eu vou no tribunal e provo isso aí. E, se brigar comigo vai perder, porque eu tenho mais leitores do que o Estadão.
É viável tratar a educação como guerra?
– Quem inventou a utilização da educação como guerra foram os comunistas, foi Antônio Gramsci, e estão aplicando isso há décadas. E aí, se você reage, é você que está fazendo a guerra? Não.
O Senhor fala em guerra cultural. Quais as que o novo governo deverá encampar?
– Guerra cultural se faz formando intelectuais capacitados, que é o que eu estou fazendo. É no campo da discussão que temos de desmoralizar essas pessoas. Trata-se de mostrar que certas pessoas não estão qualificadas para opinar, são analfabetos funcionais, diplomados indevidamente por professores interessados em promover o comunismo.
Como define seu pensamento e no que isso se alinha com o governo Bolsonaro?
– Eu realmente não sei onde se alinha com o pensamento do governo. Eu sei o seguinte: parece que o Bolsonaro e os filhos dele leram algo do que eu escrevi e concordaram. Não sei até onde e o quanto eles leram, mas são pessoas de boa vontade para comigo e me tratam muito bem. São pessoas pelas quais tenho simpatia pessoal. Não há um acordo ideológico, não houve um diálogo ideológico nenhum. Aliás, se pensar qual é a minha ideologia? Eu não tenho nenhuma, tenho ciência política. Agora, o pessoal fala “ideólogo deles”, isso é lenda urbana inventada por menino, coisa pueril, boboca.
Pretende se encontrar com Bolsonaro no Brasil ou gostaria de recebê-lo nos EUA?
– Minha filha, não pretendo influenciar o curso das coisas de absolutamente nada, eu só respondo o que me perguntam. Eu não estou aqui para fazer política mesmo. Eu não tenho nenhuma ambição nem gosto por essa porcaria. Quando me ofereceram ministério, eu falei: “eles querem ferrar com a minha vida”. Eu, como escritor, sou um homem muito feliz, sou o que eu queria ser quando era criança. Eu queria ser um escritor, escrever coisas boas, coisas úteis e ter um montão de leitores. Pronto. O que mais eu posso querer? Um ministério? Um carguinho público? Uma coluna no Estadão? Vocês estão brincando comigo. Eu não quero mais nada, estou feliz.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.