Olá, caros leitores!
Revisitando a história, trago para vocês um artigo com algumas curiosidades sobre nomes de duas ruas, uma avenida e uma Praça de São Fidélis. Procurando fontes sobre o Barão de Vila Flor, sobre o qual irei escrever em breve, achei um livro com os nomes de muitas ruas, praças e avenidas de São Fidélis, e, folheando, encontrei quatro nomes com um sentido filosófico bastante interessante.
Homenagear pessoas célebres ou não, além de santos e pontífices sempre foi um costume quando se trata de nomear ruas, praças, jardins, avenidas, etc, mas muitas pessoas quase sempre desconhecem o significado ou quem foi o homenageado cujo nome denomina o lugar em que moram.
Portanto, nessa postagem irei vou falar de 4 nomes que possuem um significado filosófico bastante interessante e pertinente à história da nossa cidade: a Praça do Adeus, Rua da Igualdade, Rua do Sacramento e Avenida Voluntários da Pátria.
Avenida Voluntários da Pátria
Essa avenida tem início como uma artéria na Avenida Sete de Setembro e margeia o Rio Paraíba na direção de Campos até a travessia da linha férrea Leopoldina, onde tem seu fim. Foi também chamada de Rua Beira Rio e Rua Dr. César Tinoco.
Há muitos anos, o Rio Paraíba do Sul era a principal fonte de acesso à cidade de São Fidélis, constituindo-se a nossa “avenida” de acesso a muitos lugares como Campos e São João da Barra. Como a Avenida fica na margem do rio, nela aconteceram eventos muito importantes para a cidade. Muitas pessoas vieram habitar nas nossas terras vindas pelo rio, e muitos foram embora para nunca mais voltar. Outros tiveram grandes reencontros. Logo, quase todos os nossos antepassados têm uma história para contar.
Havia nessa “avenida” um porto, local por onde a maioria das histórias que mencionei aconteceu. Em 1865, o Brasil estava em guerra com o Paraguai e em 12 de março desse ano alguns fidelenses embarcaram para a guerra. Às 15 horas do dia 12, no porto onde ancoravam os vapores, defronte à antiga residência do Sr. João José Soares Júnior, após cantado o hino nacional, efetuou-se o embarque dos voluntários da pátria no vapor “Galgo”, com destino aos campos de luta no Paraguai.
Os nomes desses guerreiros ficaram na memória popular, e o canhão que fica na beira rio é um monumento a esses fidelenses, que bravamente lutaram pela pátria no Paraguai. A rua da beira do rio recebeu o nome de Avenida de Voluntários da Pátria em honra aos nossos corajosos soldados. Foram eles: Antônio Grillo, Antônio da Costa, Manoel Carreiro, Otaviano Soares da Silva, Nazário Pereira da Silva, Cosme Damião de Oliveira, Augusto Júlio Lacare, Fortunato José Gomes de Oliveira, Manoel Martins, Theodoro de Oliveira, Julio da Silva, Joaquim Ferreira Quintanilha, Antônio Ferreira de Moraes, Luiz André Acima e João Ignácio dos Guarulhos.
Rua da Igualdade
Sem dúvida, a rua com maior sentido filosófico, a Rua da Igualdade, tem a sua denominação dada pelo povo. Ela começa na Avenida Voluntários da Pátria e termina na praça do Adeus, na frente do cemitério da cidade. No seu sentido original significa “qualidade do que é igual”, já que por essa rua passam os sepultamentos. A morte iguala ricos e pobres, negros e brancos, cristãos e não cristãos. Coloca-nos no mesmo patamar. “Com o suor do teu rosto comerás o teu pão, até que voltes ao solo, pois da terra foste formado; porque tu és pó e ao pó da terra retornarás!” (Genesis 13-19) – lembra a Sagrada Escritura. Iguais perante a Deus, e voltando ao pó do mesmo jeito que viemos, nessa rua todos voltamos ao Pai. De igual modo, o artigo 153 da Constituição da República Federativa do Brasil, no seu parágrafo 1º prescreve que todos são iguais perante a lei, sem distinção de sexo, raça, trabalho, credo religioso e convicções políticas, o que reforça o sentido do nome dado à referida Rua de São Fidélis.
Pela Rua da Igualdade passam todos os cortejos fúnebres, e a sabedoria popular entendeu que nessa via todos se caracterizam por uma única qualidade, a de ser gente e apenas gente, matéria que vai voltar ao nada, e que por esse motivo não predispõe distinções.
Rua do Sacramento
Uma das mais movimentadas ruas do centro da cidade tem início na Praça Teixeira Soares e termina na Avenida Paranhos. Há tempos possui esse nome, sendo a única rua da antiga São Fidélis que conserva o nome original, e isso, possivelmente, devido a religiosidade dos fidelenses: um povo de grande religiosidade; uma terra que foi fundada pelos frades capuchinhos e que expressa sua fé nomeando esta rua.
O nome foi escolhido desde a construção da rua. Por ela sempre passou a procissão do Santíssimo Sacramento, uma procissão católica onde o sacerdote leva a hóstia consagrada em procissão pelas ruas, e que acontece uma vez ao ano. Como todo ano a procissão passava, e às vezes ainda passa por esta rua, seu nome foi preservado, ao contrario das outras que tiveram o nome trocado.
Praça do Adeus
Juntamente com a Rua da Igualdade, a Praça do Adeus é a última parada no caminho do retorno ao pó. A Praça do Adeus se localiza em frente ao cemitério municipal, no final da Rua Da Igualdade. Nela, o cortejo tem fim. Ali ficam as lembranças e se coloca o homem no local de descanso eterno.
Assim como no caso da Rua da Igualdade, a praça do Adeus teve seu nome dado pela população, que vai a cidade dos mortos, ao “Campo Santo” se despedir de seus parentes e amigos. A expressão “adeus” significa: “boa viagem; fica com Deus; vá na companhia de Deus”, e é nesse local que nos despedimos de todos que um dia passaram pela nossa história.
Espero que tenham gostado dessa postagem, amigos leitores! Já estou preparando para vocês três outras postagens, Nas quais abordarei o Dr. Agnelo Geraque Collet, falando sobre sua vida e obra; a história da vila de Tabua; e ainda sobre O Barão de Vila Flor. Acompanhem e curtam!
Fonte: CARNEIRO, Dr. Aurênio Pereira Carneiro. História das principais avenidas, praças, ruas e jardins. São Fidélis-1974.