O prefeito Marquinho da Venda junto com a secretária de Trabalho e Desenvolvimento Econômico Leyla Velasco e sua equipe, inauguraram a sala de ensino profissionalizante, cujo nome é em homenagem ao Professor Valdir Ecard. A inauguração contou com a presença da presidente da Sociedade Musical Lira Cambuciense Delnira Faria, além de vários secretários, membros da comunidade e a família do homenageado da noite, o grande empreendedor social professor Valdir Ecard.
Para representar os ex-alunos do homenageado, estava o professor Juninho Gabril, que em seu discurso contou o quanto o homenageado o ajudou , ministrando aulas gratuitas e o incentivando a estudar mais a cada dia. A secretária Leyla Velasco discursou dizendo que a sala funcionará de segunda a sexta sempre das 18 às 22 horas e que o município contará com cursos gratuitos durante todo o ano de 2022, pois o SENAC já está contratado para ministrar cursos em várias modalidades.
O prefeito Marquinho da Venda disse ter realizado seu sonho, pois qualificar o jovem é dar o anzol e ensina-lo a pescar, e finalizou sua fala ao dizer que não medirá esforços para que a sala atenda toda a população da melhor maneira possível. E agradeceu parabenizando a esposa , filho e nora do grande professor Valdir Ecard.
A esposa Marli Ecard agradeceu a homenagem prestada a seu esposo e finalizou dizendo que de onde está o seu esposo, está muito feliz em ver que uma sala com seu nome ajudará o povo da cidade onde ele tanto amou a mudar de vida. Seu filho Eduardo Ecard leu a biografia do pai e se emocionou durante a leitura. A sala foi inaugurada com o curso da renomada artesã fidelense Delma Brito, que durante vários dias ministrará o curso na Sala anexa à secretaria.
Demonstrando sempre a transformação que ela provoca na vida de quem a ela se dedica, como ele mesmo provou com sua trajetória. Em suma, ele foi, é, e sempre será conhecido como o Professor Valdir, que está na história e no coração de seus muitos alunos.
Biografia de Valdir Corrêa Ecard
Valdir Corrêa Ecard nasceu em 03 de outubro de 1935, em Baltazar, distrito de Santo Antônio de Pádua. Era o quarto filho de Adelino e Maria Rita, sitiantes muito pobres que moravam na zona rural, numa casa de taipa, e que produziam apenas para subsistência. Valdir viveu até os 23 anos nesse sítio.
Quando criança, sempre que possível, assistia aulas numa fazenda próxima, ministradas pela dona da fazenda, pois não havia escola nos arredores. Valdir só foi matriculado numa escola formal aos quatorze anos, entrando já na terceira série, em função dos conhecimentos adquiridos por conta própria. Foi sempre um excelente aluno, com dedicação máxima aos estudos. Estudava até mesmo no horário do recreio e nas férias. Ingressou no ginásio em Pádua com uma bolsa de estudos concedida pelo diretor da escola. Como não tinha recursos para livros, pegava emprestado com seus colegas e os devolvia no dia seguinte, estudando à noite.
Nessa época ainda morava na zona rural, e fazia a pé o percurso de ida e volta para a escola, sendo sete quilômetros distantes de sua casa. Mais tarde comprou uma bicicleta e passou a levar verduras e legumes produzidos pela sua família para vender na cidade, depois das aulas. Logo começou a dar aulas particulares para ajudar no orçamento da casa. Muitas vezes passava do horário para retornar para o sítio, pois o deslocamento à noite era perigoso na bicicleta, e recebia ajuda de moradores da cidade para pernoitar em suas casas, ou na Casa Paroquial da igreja. Considerava Padre Diniz seu segundo pai, pelo apoio recebido em todas às vezes em que precisou. Em 1958 foi indicado por D. Ecy Fernandes e por D. Irene Aguiar para dar aulas no Ginásio de Cambuci.
Quando elas foram à sua casa fazer o convite, ele estava capinando arroz, pois também ajudava nas tarefas da roça. Em Cambuci, inicialmente se hospedou no Hotel Rocha, de onde guardava ótimas recordações .Posteriormente alugou uma casa, e trouxe sua mãe, sua irmã e seu cunhado para morarem com ele. No ginásio dava aulas de várias matérias, português, matemática, inglês, contabilidade ,geografia, francês, dentre outras .Numa noite, na porta do Ginásio, se encontrou com uma moça que lhe fez uma pergunta. Respondeu e se dirigiu à secretaria, para saber quem ela era.
Seu nome era Marly, e ele afirmou, para o espanto dos que o ouviam, que ia se casar com ela. Dito e feito. Se casaram em 06 de janeiro de 1962, às seis horas da manhã, a tempo de tomar o trem para a lua de mel. Essa união foi abençoada com quatro filhos, Eduardo e Simone, nascidos em Cambuci, e Kelzy e Ralfe, nascidos em Santo Antônio de Pádua. Em 1964 passou no concurso do Banco do Brasil, e tomou posse em Santo Antônio de Pádua, motivo pelo qual seus dois filhos mais novos nasceram nessa cidade. Mas nunca deixou de dar aulas, em paralelo às suas atividades no banco.
Deu aulas em Cambuci, Pádua, São Fidélis, Itaocara, Friburgo, Cordeiro, onde quer que o chamassem ele ia com prazer. Tinha verdadeiro amor à essa nobre tarefa, e um enorme orgulho dos alunos que conseguiam realizar seus sonhos através da educação. Suas paixões incluíam a família, a religião, os filmes de faroeste, a música de Nelson Gonçalves e o Botafogo, paixão que transmitiu a seus filhos.
Faleceu aos 83 anos, e seus restos mortais repousam em Cambuci, cidade que ele considerava sua, de coração, apesar de nela não ter nascido, mas que o agraciou com o título de cidadão cambuciense. Ele transmitiu muito conhecimento em suas aulas, mas, mais importante que isso, deu os exemplos que tocaram o coração das pessoas. Foi um homem de fé, extremamente religioso, de generosidade à toda prova, de humildade e simplicidade franciscanas, e que dedicou a vida à educação, demonstrando sempre a transformação que ela provoca na vida de quem a ela se dedica, como ele mesmo provou com sua trajetória. Em suma, ele foi, é, e sempre será conhecido como o Professor Valdir, que está na história e no coração de seus muitos alunos.
Cobertura do evento por Nelzimar Lacerda