A escolha do lugar onde devia surgir a nova aldeia foi feita pelos próprios silvícolas, conhecedores da região e do seu clima. A tal fim conduziram os missionários distantes “um terço de légua” abaixo de Gamboa, onde desembarcaram “da banda sul” declarando que ali e somente ali tinha que ser edificada a aldeia. Por sua vez os missionários verificaram a boa escolha e com ela concordaram. Os primeiros moradores se embrenharam no sertão, muito aquém do lugar onde está a cidade de São Fidélis, foram ângelo Severo da Silva que em 1780 já morava no sitio chamado Caconda; um oficial de sapateiro que fez a sua choupana, ao sopé da serra que teve o nome de Sapateiro, em memória do seu primeiro morador que fora assassinado, juntamente com dois filhos, pelos índios coroados que só deixaram com vida uma filha que levaram, da qual nunca mais houve noticia.
Os primeiros povoadores de São Fidélis foram os freires Vitório de Cambiasca e ângelo Maria de Lucca, capuchinhos italianos que ali chegaram em 1781 e se estabeleceram a principio, nesta aldeia de índios coroados, um quarto de légua acima da atual cidade para onde se mudaram no ano seguinte e levantaram uma capela de palha dedicada a São Fidélis e em 24 de abril se celebrou a primeira missa.
Feita a escolha deram imediatamente inicio às obras, trabalhando sem cessar e, em menos de dois meses, levantaram simultaneamente os ranchos e malocas provisórias de materiais que o lugar ofereceu, “paus finos e fracos”, sendo que a palha, para cobri-los, só a encontraram três léguas distantes. Essas casas serviram para os índios e para os padres, em caráter provisório. Trabalharam sem cessar vencendo com exemplo a natural preguiça dos índios que o ajudaram. Como prêmio os padres lhe proporcionaram excursões pelo rio, acompanhando-os na mata onde foram feitas as primeiras derrubadas para lavoura, plantio de milho, arroz, feijão e mandioca.
P. Frei Jacinto de Palazzolo