O presidente da Liga Fidelense de Desportos – Marcelo Santana abre o jogo ao falar das dificuldades e do esforço enorme que tem feito para manter um projeto com crianças e adolescentes, no campo do Estrela do Norte F. Clube, fundado em 1945, quando, por lá, foram revelados diversos atletas que fizeram história nos destacados campeonatos da região.
Atualmente, ele e a sua equipe desenvolvem um trabalho através da prática de esporte com aproximadamente, 60 crianças carentes, além de promoverem palestras de caráter preventivo e orientação, incentivo aos estudos, além de incutirem disciplina, bons hábitos, respeito e educação. A Escolinha do Estrela tem contado apenas com doações de alguns comércios locais, e de pessoas que se sensibilizam pelas crianças que lá frequentam diariamente. Foi possível ouvir e não se emocionar na hora da entrevista, quando, as crianças fizeram relatos do descaso e da falta de apoio para elas, e que Marcelo tem sido um guerreiro por correr atrás de muitas coisas para elas.
A instituição necessita de lanche, materiais esportivos, como bolas, chuteiras, bolsas, coletes e etc. Ainda, esclarece que o último convênio realizado com a prefeitura foi em 2006, e que por questões políticas, entende que seu trabalho independente e transparente sempre incomodou. Perguntado sobre: Como tem sido a sua contribuição como representante na Liga, bem como qual a sua análise em relação aos projetos na área de esporte no município?
Confira na íntegra as respostas da entrevista.
“Desde o ano de 2008, e desde 2009 tento organizar um Campeonato Fidelense, mas não consigo, porque não temos apoio dos órgãos públicos, que não se interessam em realizar um evento organizado, com regras definidas, com regulamentos definidos, pelo contrário, organizam somente Campeonato Rural, onde predomina a desordem e a vontade dos futuros candidatos a cargos públicos.
Minha história no futebol começou no Operário “UPIC” Futebol Clube, jogando dos 11 aos 12 anos com o técnico Bastitote. Assim, comecei a jogar no famoso Estrelinha com o técnico Moacir que mantinha uma Escolinha de Futebol no Estrela do Norte E.C. por conta própria, onde pude disputar os meus primeiros campeonatos, ficando dos 13 aos 16 anos, e, aos 17 anos, disputar os jogos no time principal do Estrela com o saudoso técnico Mutango. Joguei até os meus 26 anos, no ano de 2000, e só parei de jogar devido a uma lesão no púbis, além da mudança para Macaé, por motivos de trabalho da minha esposa, que, ao passar no concurso público naquele município, ficaria difícil para ela ir e voltar todos os dias.
No ano de 2005, retornamos pra São Fidélis, e em 2006, assumi a Presidência do Estrela, ficando até 2008, e, logo em seguida, assumi a Presidência da LIGA FIDELENSE DE DESPORTOS. Em 2007 e 2008, tentamos colocar o Estrela na 3ª divisão do Campeonato Carioca, mas não tivemos êxito, pois precisávamos de apoio público, e é claro, nos foi negado, quando, ouvi por muitas vezes a seguinte frase: “Esquece isso, porque o Futebol não dá voto”.
Quando tentamos profissionalizar o Estrela para disputar a 3ª divisão do carioca as taxas eram de R$ 6.000,00 (seis mil reais) da FERJ e R$ 6.800,00 (seis mil e oitocentos reais) da CBF. Hoje, só a taxa da FERJ é de R$ 150 mil reais, o que torna nosso sonho quase impossível.
Recomeçamos a nossa Escolinha do Estrela no ano de 2007 e com muita precariedade a mantemos até hoje, sem nenhum convênio ou apoio dos órgãos públicos de nosso município. No ano de 2009, já como Presidente da Liga Fidelense, colocamos a nossa seleção no Campeonato Estadual de Ligas da FERJ, no qual o Estrela representou a cidade de São Fidélis na categoria adulta e foi campeão da Região Norte Fluminense e vice-campeão estadual, perdendo o título na disputa de pênaltis no Estádio do Goytacaz em Campos.
O time SUB-17 foi representado pelo (time da Prefeitura – Agência Mirim) que, no primeiro jogo contra a equipe de Campos dos Goytacazes, cujo jogo aconteceu em São Fidélis, e o resultado terminou em 1 a 1. Entretanto, quando iríamos jogar contra a mesma seleção de Campos, no Estádio do Rio Branco F.C. de Campos, simplesmente fomos desclassificados porque a Prefeitura Municipal de São Fidélis, através da secretaria Municipal de Esportes não disponibilizou o ônibus para que o time da própria cidade fosse nos representar, sendo que fomos eliminados de maneira vergonhosa, com quase 30 garotos chorando em frente à rodoviária, onde ficamos esperando o ônibus da Prefeitura que nunca chegou. Além disso, desde 2008, não temos convênio e nenhum apoio por parte da Prefeitura. No ano de 2010, a Liga Fidelense só disputou o Campeonato da FERJ porque tivemos ajuda de amigos de fora de nosso município porque o ex- secretário municipal de Esportes de São Fidélis não liberou um ônibus para nossa equipe fidelense levar o nome de nosso município por todo o Estado do Rio de Janeiro.
Logo, desde 2009, a Escolinha do Estrela, chamada carinhosamente de Estrelinha, integrada por crianças e adolescentes com idades entre 7 e 17 anos, somente conta com a ajuda e boa vontade de amigos que se sensibilizam com o nosso trabalho ao atender aproximadamente, 60 crianças que, sequer, os familiares têm condições de comprar chuteira, bolas, coletes, uniforme e, ainda, a maioria, por ser carentes, nem com um lanche em sus lares podem contar e sem falar que boa parte das crianças que atendemos são de vários bairros da cidade. Poderíamos ter entre 150 e 200 crianças e adolescentes frequentando regularmente, mas pela falta de recursos e do descaso do poder público municipal, ficamos limitados”, afirmou.