Ser professor pode parecer para alguns uma profissão como outra qualquer. No entanto, não tem como negar que existem certas peculiaridades. Entre estas peculiaridades está o fato de no seu dia a dia o professor acabar assumindo atribuições que vão além das previamente estabelecidas. Além de “ensinar, transmitir /construir conhecimentos” este profissional contribui de forma direta ou indireta para a formação de seus alunos enquanto cidadãos portadores de direitos e deveres.
Agrega-se a isso a criação de laços que acaba existindo entre professor e aluno. Por muitas vezes o professor acaba tomando conhecimento de situações delicadas pelas quais passam seus alunos e movido por uma sensibilidade a ele inerente tenta ajudar, demonstra preocupação, afetividade.
Tudo isso faz do professor um ser por excelência diferente dos demais. Não vemos isso em nenhuma outra profissão.
Não vemos entre médicos, policiais, advogados, jornalistas ou qualquer outra área, algo semelhante. Sem contar que para ser qualquer coisa na vida, qualquer profissão que se queira seguir precisa-se indiscutivelmente da figura do professor. No entanto, por que este profissional é tão desvalorizado? Eis a pergunta que não quer calar.
Hoje, é raro encontrar entre os estudantes alguém que queira ser professor. Isso não é um bom sinal. Sem contar que entre os professores existem muitos que se sentem tão desvalorizados, tão desmotivados que pensam em desistir da profissão.
Os fatores da desvalorização, da desmotivação vão além da questão salarial, sendo claro, este, um sério agravante.
O professor quer ser valorizado enquanto profissional, enquanto ser humano. Tem necessidade de ser bem cuidado, de sentir que alguém zela por ele. Alguém que cuida de tantos também necessita de cuidados. Quem se importa com o professor? Eis mais uma pergunta sem resposta.
O que temos visto, entretanto são sucessivos descasos para com este profissional. Assim como também repetidas cenas de violência à classe de educadores, sobretudo quando estes fazem greve. A agressão física sofrida pelos professores só faz aumentar suas angustias, sua indignação e desmotivação.
A luta por seus direitos quer seja através da greve ou não, é um exercício de cidadania. Ao se omitir de lutar por seus direitos o professor perde a oportunidade de ensinar seus alunos a fazerem o mesmo.
Valorizar o professor é respeitá-lo. É dar-lhe motivação e condições de seguir em frente na edificante tarefa de fazer do exercício de sua profissão uma contínua troca de saberes e aprendizagem. É dá a ele oportunidade de colaborar na formação de sujeitos históricos capazes de juntos construírem uma sociedade onde haja espaço e respeito mútuo. No discurso político a educação é prioridade. Entretanto, ela só será de fato se o professor for incluído no rol dessa prioridade. Valorizar o professor é priorizar a educação, pois sem ele a educação não se faz.
Editorial