Semana Cultural foi encerrada com a grande final do VII Festival de Poesia Falada e avaliação positiva pela ABL.

30 de setembro de 2015

A Semana Cultural foi encerrada no último sábado (26) com a grande final da VII edição do Festival de Poesia Falada – além de outras apresentações, entre elas, concerto com a banda Instituto Musical Ritmos, na tenda cultural do Jardim Presidente Vargas, Susie Mathias e Carlos Alfredo em 35 anos sem Vinícius de Moraes, apresentação musical no palco da praça de alimentação com a banda Audioativa, bloco Balmasquê do grupo de Teatro Máscaras, espetáculo Five – Ministério de Dança da Nova Aliança e encontro com o autor Manoel Lago.

A abertura da grande final do festival ficou por conta bailarina Sabrine Magalhães e durante o intervalo a apresentação do grupo Garte com o esquete, Quem será o mais louco? A psicóloga ou o paciente?

A Semana Cultural cada vez mais se fortalece como um evento já consolidado e parte do calendário cultural do município por agregar não somente uma programação fortemente representativa e na qual valoriza os artistas em suas mais variadas vertentes culturais da cidade, bem como traz o principal retorno para todos os munícipes e turistas que por aqui passaram para prestigiar o evento ou dele participar ativamente.

De fato, um novo marco para uma cidade que passou muitos anos somente com política de shows de entretenimento que não geraram retorno cultural para a população, além do mais um custo de valores altíssimos que saíram dos cofres públicos para contratos de shows. Não se trata de ser contra esse tipo de entretenimento, ele pode até ser viável, mas desde que seja com um objetivo estratégico e que tenha certa condescendência com o evento no sentido de atrair mais turistas e agregar também uma dinâmica cultural.

Para Luiz Fernando, diretor pedagógico da ABL – Associação Brasileira do Livro, o evento em São Fidélis deu tão certo porque a cidade é uma efervescência cultural, ou seja, são muitos talentos em todas as áreas, sejam na música, na poesia, na dança, no teatro, literatura, nas artes plásticas, enfim, é um universo cultural muito bom, além da geografia local considerada pelas belezas naturais.

Os vencedores do VII edição do Festival de Poesia foram:

1ª – Lugar: Aborto – autor Thiago Yuri (São Fidélis) premiação: 5.000,00 + troféu 

2º – Lugar: Ruas ou O que há por trás da madrugada – autora: Carla Mangueira (São Fidélis) premiação: 4.000,00 + troféu 

3ª – Lugar: Profess(ORA)R – autora: Adriana da Silva Barreto Vicente (Campos dos Goytacazes) premiação: 3.000,00 + troféu 

Melhor Intérprete – Thiago Yuri (premiação: 5.000,00 + troféu) 

Menção Honrosa de interpretação: Aline Reis (premiação: 3.000,00 + certificado)

Eis as cópias das poesias vencedoras:

1º Lugar – Autoria: Thiago Yuri

Abortados somos muito antes dos dezesseis,

desde o dia em que nascemos, e assim sobrevivemos.

O Estado é uma mãe inconsequente que cospe seus filhos,

[que cospe nos filhos,

exibe os belos, e oculta os que nasceram mais feios.

Somos os filhos de pele preta, cabelo crespo, pés rachados,

[olhos esbugalhados,

os que ninguém sente orgulho de ter.

Somos os filhos de uma pátria “má gentil”,

tão gentil como a madrasta da Branca de Neve,

e que sem a doçura da maça

nos enfia o amargo fel goela abaixo.

E quem é que condena os abortos dessa pátria

[miserável que nos pariu?

Ò pátria amada, idolatrada, salve, salve!

Salve as meninas que trocam suas bonecas barbies

[por ursos peludos e nojentos 

que usam seus corpos e dão em troca algumas migalhas

[para o sustento.

Nós, que nascemos em vielas, fomos criados em favelas 

e adotados por ”bandido mãe” 

Mãe que nos deu fralda, leite e abrigo, devemos á obrigação, 

o que para muitos é sinal de perigo e para nós, 

[heróis e amigos. 

Agora o Estado aparece querendo de volta o seus filhos, 

pois a sociedade quer uma atitude de verdade 

[e vai nos por na Universidade. 

USP, UFF, UFRJ, IFF? OFF. 

As nossas universidades são os presídios 

onde nos tornaremos doutores do crime, 

para, no futuro, recrutarmos os novos fetos 

abortados por essa pátria. 

E ai? Vamos falar sobre aborto?

2º Lugar: RUAS ou O que há por trás da madrugada

Autoria: Carla Mangueira


As ruas estão caladas.

A neblina perpassa os estacionamentos vazios

E dança por entre as palmeiras frondosas ao norte.

Na calçada, umas vidas jogadas

Envoltas num papelão qualquer

“Catei do lixo” – dizem.

O papelão fede a enxofre,

E a discrepância grita

Escancara a boca

Sacode seu corpo.

O frenesi agita a neblina

Mas não alcança o topo do prédio

Nem na mais vil surdina.

As ruas fedem.

Pelos cantos e esquinas

Deixam seu rastro de urina.

Os cães reviram o lixo. Que lixo!

Acham comida de gente. Que luxo!

E as vidas na calçada passam frio

Passam fome. Sentem dor.

As ruas têm uma poesia que é só sua.

Ouço os dedos rápidos nas caixas de fósforo.

Vejo risos.

As ruas têm o dom de parir.

Havia uma vida dentro de uma daquelas vidas

Que resolveu vir ver a vida antes da vida dar sinal.

O hospital não aceita vidas de nada na madrugada.

O líquido amniótico se mistura à urina fétida dos becos.

E no meio dos papelões e vidas

Nasce uma vida chamada Maria.

Não muito longe dali também havia Maria.

Maria de Fátima.

Porque as ruas também têm o dom de seduzir.

Morena alta, magra. Seios fartos. Bunda idem.

Roupa curta. 17 anos e uma avenida toda pela frente.

Os carros passavam. Ela sorria.

Ela sorria. Os carros paravam.

Era a garantia de seu pão do dia seguinte.

“Maria de Fátima, Maria de Fátima…” – eles diziam.

Seu nome naquelas bocas a fazia meretriz. Tão nova.

Enojava. Estuprava sua inocência perdida tão cedo.

“Sua vagabunda!”

“Mas eu não tive escolha! Preciso dar de comer ao meu filho!”

Comer… Pão… Leite…

Ora! Abram alas para o dia!

Pois as ruas também amanhecem.

Os papelões continuam lá.

As vidas voltam à sua rotina

De levar cacetadas pelas costas

Como uma forma de receber “bom dia”.

Os garis varrem as calçadas

Mas os cantos continuam cheirando à urina e sexo.

Não há mais música, nem caixas de fósforos.

Maria toma seu leite e suga o seio da mãe.

Maria de Fátima acorda arroxeada numa cama estranha.

E nua.

Maria de Lourdes toca a padaria.

Prepara o café

Separa cinco pães

Corta mortadela

E é surpreendida.

Quem não é surpreendido?

As ruas gritam entre buzinas e sinais

E eles vêm das calçadas, das esquinas e avenidas.

Pare agora. Olhe. Você pode ouvi-los

3º Lugar:

Autor: Adriana da Silva Vicente

Profess (ora)r

Verbo árduo ao conjugar. Educar nos substantiva com artigo indefinido

Um tio, um mágico,um mártir, ou apenas um “fessor”…

Assim, substantivados, por honras e méritos nos adjetivam bons, competentes, maus, “maneros” sábios provedores de informação.

Tantos adjetivos nos fazem perder a identidade apenas um numeral do concurso à matricula.

Apenas mais um pronome interlocutor do discurso ideológico da máquina quando nos damos conta na crise da identidade do “professamento” somos “questionadores preposicionados” por que, para que, em que tudo isso vai dar?

Então…. sabemos “adverbizar”. Num tempo futuro talvez de modo intensivo tomara que a vida, não os negue aquilo que aqui e agora “professoramos”!

“Interjeitados” declaramos em alto e bom som: – Ainda vale a pena! A pena que outrora deixara de manchar o papel para embranquecer as mãos delicadas no quadro de giz que perdera o trono para a majestosa caneta piloto agora jaz, pois, os tempos modernos dão mérito as aulas virtuais.

Aí é vez da conjuntura adversativa! Mas, mesmo assim… sendo verbo inconjugável, indefinidos artigos, objetos da máquina e um número por identificação. Somos preposições de movimento de noção no espaço e no tempo de relação de companhia no ontem, no hoje e sempre.

Por que um educador, na classificação dos verbos da ação, é coadjuvante: no criar, nutrir cuidar, educar instruir, ensinar e professar a oração da fé no conhecimento)

A seguir, alguns flashes em VTs dos principais destaques do evento e os quais foram registrados pela reportagem,bem como muitos outros que se encontram na fan Page do facebook para quem quiser ter acesso e compartilhar das diversas imagens de todos os dias da programação do evento durante a semana. Para isso, basta curtir a página no link https://www.facebook.com/SaoFidelis?ref=ts&fref=ts

Por: Nelzimar Lacerda






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