Joaquim de Araújo Padilha, fazendeiro e cidadão de longa visão, residente na “Freguezia de Santo Antônio de Pádua”, na época pertencente ao município de São Fidélis, resolveu construir a primeira estrada de ferro na região contando com o apoio de outros ilustres “paduanos”. A Companhia de Estrada de Ferro Santo Antônio de Pádua foi fundada com a importância de 300 contos de réis e ações de 200 mil réis, vendidas rapidamente.
A partir de 1870, São Fidélis era o mais importante município da região por possuir grande comércio, um porto fluvial e três companhias de navegação com vapores, que faziam o transporte de passageiros e cargas até Campos e São João da Barra, com destino ao Rio de Janeiro. Na época, a nossa cidade já contava com excelentes hospedarias, enormes armazéns, representantes de grandes firmas comerciais do Rio de Janeiro, denominadas Casas Comissárias, que financiavam e compravam a produção de toda a região.
A concessão para a construção de ferrovia somente foi obtida em 1876, sendo os estudos para a implantação da mesma feitos pelo engenheiro Vieira Braga, que mais tarde teve o seu nome em uma das estações. A Estrada de Ferro Santo Antônio de Pádua, tinha o seu ponto inicial na estação de Lucca, em São Fidélis, no local onde hoje se localiza o “Bairro Cristo Rei”, em Ypuca. Os passageiros que chegavam a São Fidélis, vindo de Pádua, Funil, Paraoquena, Três Irmãos, às 18h no comboio, atravessavam o rio em canoas e se hospedavam no Hotel Gaspar, junto à rampa que hoje ainda existe na Avenida Euclides da Cunha. Passageiros com destino a Campos, Rio de Janeiro e São João da Barra prosseguiam viagem nos vapores de uma das três companhias existentes.
No dia 25 de agosto de 1891, pela primeira vez, o trem chegou à Estação de São Fidélis, após a construção da ponte metálica pelo engenheiro Joseph Lynch.
A atual Rede Ferroviária Federal S.A., anteriormente Estrada de Ferro Leopoldina Railway, está praticamente desativada em nossa região, não existindo os trens de cargas e passageiros, que muito facilitavam o transporte, beneficiando toda uma enorme região, que se dedica principalmente à agricultura e pecuária. Certamente, interesses “ocultos” determinaram que assim acontecesse, e já se observam as consequências de um ato bastante infeliz, considerando que outros países mais progressistas aumentaram os seus trechos ferroviários.
Autor: Aurênio Pereira Carneiro