As manifestações que já duram uma semana no país crescem cada vez mais, bem como recebem apoio até de outros países, não só pela quantidade de brasileiros que residem no exterior, bem como pela dimensão dos excessos cometidos pela PM, e os quais têm chamado atenção e causado revoltas e indignação.
As imagens de violência que, em sua maioria, não são mostradas pela grande mídia televisiva comercial e servil ao governo, mas que têm sido divulgadas pelas redes sociais e demais veículos independentes são de uma brutalidade imensa, relembrando, assim, os anos de chumbo que marcaram o ano de 68, quando vigorava a ditadura militar.
O estopim das manifestações foi o aumento do preço das passagens de ônibus em São Paulo, mas, na verdade, em virtude de haver uma insatisfação enorme por consequência de diversos problemas sociais que, há muito vêm sendo relegados em função de outros, o descaso dos governantes, além da corrupção que já se tornou uma espécie de câncer no país e, com isso, fizeram com que as manifestações se tornassem um pacote de revoltas geradas no atacado e no varejo.
Ainda assim, vale destacar que os manifestantes têm agido de forma pacífica, conforme mostra uma das imagens em que a TV servil não mostrou e na qual os grupos levam flores em mãos, ironizando a força policial que em suas barreiras já chegam atirando bombas de gás lacrimogênio, balas de borrachas, spray de pimenta, enfim, ações que poderiam ser evitadas, já que em regime democrático, o direito de se manifestar não pode ser cerceado, e, muito menos, confundido pela força policial que deverá estar presente para somente observar e agir dentro dos princípios da legalidade e não da brutalidade.
Então, o presidente da Fifa, Joseph Blatter ao pedir um fair play na abertura da Copa das Confederações, quando ele e a presidente Dilma foram recebidos com vaias, talvez porque tenham ignorado e jamais praticado um jogo limpo com o trato das questões sociais e, muito, menos com a arrecadação dos impostos que não correspondem com a qualidade dos serviços públicos prestados.
Enquanto isso, milhões de reais foram gastos em estádios de futebol (inclusive com suspeitas de superfaturamentos) e a saúde pública, por ex., encontra-se na UTI e a Educação ainda capenga em busca de uma qualidade que só existe no marketing da publicidade e propaganda financiadas pela máquina estatal, assim como as bolsas assistencialistas que não resolvem os problemas crônicos desse país e que são doadas para uma massa conformista que vive nesse estado de miopia social.
Dessa forma, quem merece fair play a partir de agora são os brasileiros conscientes, àqueles que lutam com dignidade para sobreviver, que trabalham quase metade do ano nesse país só para pagarem impostos e os quais não aceitam e nem recebem migalhas assistencialistas; que não se conformam mais com tantas jogadas sujas acobertadas, cuja paciência já se esgotou, bem como não foram para os estádios de futebol, e sim para as ruas no direito legítimo de protestarem.
Portanto, senhor Blatter, mídia servil, presidente Dilma e a PM de todos os estados brasileiros, fair play, por favor, para as manifestações dignas e legítimas em respeito à nossa democracia?
Nelzimar Lacerda – professora universitária/relações públicas e Jornalista
fotos: O Estado de São Paulo e Internet