Historicamente, o referido local batizado de orla Euclides da Cunha –onde compõe-se do calçadão (popularmente conhecido como calçadão da Cedae), cuja obra foi iniciada no primeiro mandato do prefeito de Benedito Passarinho (1989), e foi considerada uma das mais complexas que o governo municipal ousou a realizar – dado o risco e por ser em um dos braços do rio Paraíba do Sul que banha a cidade.
Na época, levou-se em conta que, em face das cheias que ocorriam na cidade com frequência nos períodos entre dezembro e janeiro seria uma obra realmente complicada. Pois bem, já no começo dos anos 90, o falecido prefeito Benedito Passarinho já havia com sua equipe de governo preparado o projeto de construção do muro de arrimo da beira rio, e foi atrás de parceria com o governo do estado para pleitear apoio em se tratando de verba e etc.
Após toda a parte burocrática realizada, inicia-se as obras do muro que, posteriormente, antes mesmo da conclusão, boa parte do muro caiu, daí foi aquela situação de desespero tanto para o governo municipal e para a população que muito torcia pelas obras do muro para que pudesse sanar os problemas com as cheias e demais prejuízos e riscos pela erosão local.
O mandato de Benedito terminou em 1992, mas, infelizmente, as obras do muro de arrimo não. Em 1993 assume novo prefeito da cidade com o falecido médico Dr. José Marcondes Teixeira de Abreu. As obras foram retomadas, mas não totalmente e a passos lentos porque parte do muro ainda não tinha previsão de retomada das obras.
O que o governo de Marcondes conseguiu avançar ao tentar dar continuidade da obra foi a construção dos quiosques sobre o calçadão, visto que no trecho da orla em que houve a queda do muro não foi possível mexer por conta de alguns entraves, sendo que o primeiro foi falta de dinheiro e a dificuldade para se dar novo contrato com a empresa de engenharia responsável pela construção já que parte do muro havia caído sob responsabilidade dela.
Após o término do mandato de Dr. Marcondes, novamente, Benedito Passarinho retorna à prefeitura ao vencer as eleições municipais em 1996, ou seja, segundo mandato que, ainda segundo sua filha, Lídia Peres Gomes, para ele, voltar à gestão municipal foi considerada uma questão de honra para que as obras do muro fossem concluídas até o final da orla.
“Papai fez questão naquela época, vender uma grande parte de suas terras na Vila de Barro Branco para concluir as obras da orla – já que isso para ele seria uma questão de honra, pois ele ficou muito inquieto e triste com o que ocorreu. E assim o fez ao vender parte das terras e fez questão de investir com recursos próprios e mão de obra da prefeitura para que as obras fossem concluídas, e assim o fez. Ele já sabia que ao retornar à prefeitura não teria como esperar mais nada de verba por parte do governo estadual ou federal, visto os problemas com a tal empresa responsável pela parte técnica e execução do projeto ficou difícil qualquer novo contrato. Então, as obras foram concluídas com recursos dele e mão de obra toda do pessoal da prefeitura”, relatou Lídia.
Atualmente, a orla Euclides da Cunha tem sido destaque pelo grande movimento que tem sido observado no dia a dia com todos os quiosques em funcionamento, bem cuidados pelos comerciantes que têm procurado investir da melhor maneira possível – de modo assim fazem com que a orla seja não só seja um cartão postal para a cidade, mas, sobretudo, um espaço de lazer e gastronômico no centro da cidade.
Mas, ainda assim é preciso levar em conta que nos últimos anos 12 anos, o local ficou abandonado, sem nenhum investimento de melhorias, por exemplo, em sua iluminação que se encontra precária, muitas árvores que necessitam de podas corretas, o parquinho infantil que se encontra desativado é uma das cobranças dos moradores da área, assim como pintura e conserto dos bancos de cimento que se encontram sujos e quebrados; pintura e limpeza da pista de skate para as crianças; proibição e fiscalização para que veículos não estacionem sobre o calçadão e conserto dos frades que protegem o meio fio do calçadão para, evitar, exatamente, o não estacionamento de veículo sobre o local, Enfim, uma revitalização total que possa fazer com que o local seja mais limpo e arejado e possa ser, de fato, uma vitrine aliado ao estuário de beleza natural tal qual é o rio Paraíba aos olhos de todos que frequentam a orla Euclides da Cunha.
Em face de todas as avaliações e anseios da população e dos comerciantes, que um documento preparado pelos mesmos vai ser entregue na próxima semana ao prefeito municipal Amarildo Alcântara – no qual os comerciantes que já têm investido por algumas melhorias, solicitarão as demais melhorias que cabem tão somente à administração realizá-las.
Origem do digno nome da orla
Para quem não sabe, Euclides da Cunha – um dos mais importantes nomes da literatura nacional, apesar de ter nascido em terras de Cantagalo, mas ao ficar órfão de mãe veio morar em São Fidélis com apenas 3 anos idade, e somente saiu da “Cidade Poema” para o Rio de Janeiro aos 15 anos, quando, na ocasião, foi direto para a capital para ingressar na Marinha. Ele foi aluno do primeiro Instituto Colegial na cidade sob direção do professor português Francisco Caldeira. Logo, a primeira base de formação do escritor, jornalista, engenheiro e militar foi em São Fidélis.
Por Nelzimar Lacerda