O carnaval fidelense deste ano foi mais uma prova de resistência para quem realmente gosta da festa que faz parte da cultura popular. Com baixíssimos recursos, os blocos fizeram o que deu para fazer e levaram muito mais alegria, recreação do que fantasias e alegorias. Foi mais um sinal de boa vontade em fazer com que o carnaval sobrevivesse a mais um ano e assim a resistência mostrou que quando o povo quer e se une, tudo fica mais fácil de se fazer o evento acontecer com brilhantismo. Na verdade, nos últimos 20 anos, o carnaval em São Fidélis viveu altos e baixos, e isso retrata especificamente, o comodismo que passou a existir quando a partir de 2002, a prefeitura começou a bancar tudo, isto é, concedia para cada escola de samba um valor que dava direito em compras de materiais no Rio para todas as escolas, bem como além de uma quantidade de camisas para cada bloco carnavalesco que, em sua maioria, deixava a desejar porque era mais bagunça na avenida do que um realmente um bloco que poderia construir um tema e etc.
Pois bem, além de bancar tudo, a prefeitura ainda tinha gastos com a logística, infraestrutura, contratos de bandas e etc. Após algumas situações por falta de prestação de contas das diretorias das escolas e blocos, que até chegaram a fazer parte da Liga das Escolas de Samba Fidelense (Liesf) (que se encontra parada), dando a entender que essa referida falta de prestação de contas prejudicou os investimentos nos anos seguintes, haja vista também a redução de recursos da própria prefeitura por conta de tantos gastos. Tanto a prefeitura e as diretorias das escolas e blocos deveriam prestar contas ao TCE, que, por sua vez, as diretorias de todas as agremiações carnavalescas deveriam entregar as prestações à prefeitura, mas a maioria das escolas não fez, daí a veio a cobrança, porém a situação foi se complicando para as diretorias das escolas cujos ex-presidentes que não prestaram contas, ficaram com o CPF arrolado no TCE.
Neste caso, ficou a reflexão: considera-se que prefeitura não tem que bancar carnaval com altos valores de dinheiro público como se fez a partir de 2002. O poder público tem que contribuir sim, na logística e infraestrutura (segurança, ornamentação das vias, contratar uma banda, seja de marchinha e uma cota mínima para cada agremiação que esteja em dia com as prestações de contas) aí sim incentiva-se a diretoria a trabalhar durante o ano todo com os equipamentos públicos já existentes para então aprender a ter emancipação econômica para que cada agremiação saiba a pescar o peixe e não simplesmente ficar à espera da prefeitura para bancar tudo.
Sobre o carnaval de 2024, ficou uma lição!
O esforço valeu a pena até para a reportagem fazer uma cobertura na qual preocupou-se em mostrar ou divulgar a parte bonita dos esforços realizados por aqueles que gostam da folia, bem como levaram para a avenida o que puderam realizar, tendo em vista a reflexão para entender o quanto se faz extremamente importante em pensar no planejamento, plano de ação e execução, bem como a união por parte dos envolvidos para que qualquer evento seja realizado e tenha uma boa avaliação. Vale ressaltar que, o bloco Império da Ipuca recebeu centenas de comentários elogiosos pela organização e da forma com que se apresentou como se fosse até uma pequena escola de samba. E ainda com o viés da conscientização na campanha ‘Não Solte fogos com estampidos pela causa social e ambiental’, somente usou alguns fogos silenciosos ou de efeitos cascatas luminosos.
Dentre os blocos que mais destacaram e foram considerados pela boca do povo os que realmente salvaram o carnaval foram: Império da Ipuca, que trouxe a visibilidade dos bons tempos que se tinha uma grande escola e vitoriosa em carnavais passados. Em seguida, o bloco Siri na lata com suas sambistas com samba no pé, isto é, a rainha da bateria Tatiane, a princesa Marilane Soares e a terceira classificada Nayara, elas realmente levaram o bloco juntamente com a bateria nota 10 para animar o público. E para fechar o último dia de folia, o bloco É nós no Galo conseguiu se igualar ao Império da Ipuca ao levar para a avenida uma super apresentação no nível de uma pequena escola de samba. Em seguida, o bloco Sem Banho fechou o desfile como último bloco a se apresentar com aquela animação do banho na galera para refrescar o calor. E como destaque até o famoso cachorro Caramelo, considerado uma lenda viva por morar nas ruas do centro da cidade e participar de qualquer evento na cidade e lá está ele no meio. Muito dócil, carismático e alegre, Caramelo por onde passa é uma graça. Desfilou no meio de todos os blocos. Foi o abre alas e/ou aa comissão de frente de todos o blocos.
Destaca-se também a banda de marchinha que fez apresentações memoráveis dos grandes carnavais (que é o que precisa ser valorizado) aqueles bailes recreativos com marchinhas, então a banda Turma do Funil fez a diferença. Neste caso, salvou de fato a folia com os blocos que melhores se apresentaram e assim considera-se que valeu a pena.
Por Nelzimar Lacerda
Veja os flashes nos links abaixo: