Laelia Fidelensis
Em 1940, JÚLIO SODRÉ, residente na localidade de São Fidélis , às margens do Paraíba no Estado do Rio de Janeiro, fêz uma descoberta surpreendente.
Escalando ostensivamente a Serra de São Fidélis, ele descobriu a planta que parecia vegetativamente como uma espécie de Laélia. A princípio, ele pensou, ser uma híbrida natural e várias espécies de Laélia são citadas como possíveis parentes.
Porém, a planta floresceu de uma maneira um tanto espetacular, bem diferente de qualquer outra orquídea selvagem ou híbrida natural, que ele jamais conheceu.
A fama da planta se propalou e cedo recebeu um item entre os colecionadores de orquídeas, parte da planta enriqueceu as coleções particulares de Niterói.
Encontra-se a orquídea:
Jardim Botânico do Rio de Janeiro;
Orquidário Binot – Petrópolis;
Bernardino Sodré- São Fidélis.
Espécie Rara
A laelia Fidelense é uma espécie rara muito atrativa, as orquídeas são de um rosa uniforme.
Segundo o orquidario Binot, essa orquídea é uma planta de porte baixo e ela floresce entre outubro e janeiro.
São cultivadas recebendo muita luz, especialmente na parte da manhã.
Ela pode ser cultivada no mesmo ambiente da Laélia Crispa. A espécie fidelense costuma florir sem espátula, e quando a folha nova abre, o botão já está aparecendo. é preciso cuidado nesta época, para não deixar acumular água na folha, para evitar o apodrecimento do botão.
A laelia Fidelensis tem valor altíssimo entre os orquidófolos e apreciadores de orquídeas.
J. A. Fowlie, M.D.
Tradução da Revista – Volume 41 – Nº. 4.
Orch. Digest. Julho / Agosto 1977.
DEPOIS DE CONHECIDA, UMA FLOR À MORTE
Só depois de 36 anos da morte de seu descobridor, está sendo divulgada em São Fidélis, a Laelia Fidelensis, espécie de orquídea rara em todo mundo que tem seu habitat natural nas regiões montanhosas do município.
A espécie passou a despertar maiores atenções depois que a revista americana Orchid Digest, num artigo de três páginas, publicou na sua edição de agosto deste ano ampla reportagem sobre existência dessa flor.
Segundo o artigo da Orchid Digest, assinado por J. A. Fowlie, “em 1940, o Dr. Júlio Sodré, um residente de uma?pequena localidade de São Fidélis, às margens do rio paraíba, no Estado do Rio de Janeiro, fez uma descoberta surpreendente, próximo à sua casa. Escalando ostensivamente para dentro da Serra de São Fidélis, ele descobriu a planta que parecia vegetativamente como uma da espécie Lealia Cattleyodes, porém, era muito pequena em sua estatura como uma hodrolaelia. A principio pensou ser uma híbrida natural e várias espécies de laelia são citadas como possíveis parentes, porem, finalmente, a planta floresceu de maneira um tanto espetacular, bem diferente de qualquer outra orquídea selvagem ou híbrida natural que ele jamais encontrou na região”.
“As flores – informa ainda a revista – foram enviadas ao expert de orquídeas brasileiras daquela época, que era F. C. Hoehne, o qual declarou que era uma nova espécie. Contudo, nunca publicou oficialmente a respeito da planta. A fama da planta se propalou e cedo recebeu um item entre os colecionadores de orquídeas; parte da planta enriqueceu as coleções particulares em Niterói, Estado do Rio. Uma peça destas foi cedida por Rolf Altenburg, as semeaduras vendidas através do Orquitário Binot, as quais foram etiquetadas por sua uniformidade, sugerindo novamente ser uma nova espécie e não uma híbrida natural. Entrementes, Hoehne faleceu, e Dr. Júlio Sodré levou para o túmulo o segredo cuidadosamente guardado quanto ao habitat natural da planta”.
Segundo ainda a Orchid Digest, em 1966, durante um congresso de botânica, a planta foi mostrada pelo botânico Dr. Brieger, que negou a possibilidade como híbrida natural já que não havia possíveis parentescos dos quais pudesse conjecturar. Posteriormente, em 1967, uma revista especializada em Orquídeas publicou a respeito da Laelia Fidelensis, e, mais tarde, a espécie herbário foi encontrada no Jardim Botânico do Rio.
Espécie Rara
A Laelia Fidelensis, é uma espécie muita atrativa, sempre de flores de cor rosa uniforme, de tonalidade desmaiada. A planta original da coleção do Dr. Júlio Sodré foi dividida entre os membros de sua família.
Atualmente só quem as possui em São Fidélis, são os filhos do Dr. Júlio Sodré ? o médico Hélio Sodré e seu irmão Bernardino Sodré ? que há coisa de uma semana, despertados pela publicação da revista americana, conseguiram no Orquidário Binot, em Petrópolis, três mudas da planta, que somente deverão florescer neste verão.
Segundo a orientação do Orquidário Binot, essa orquídea é uma planta de porte baixo e, em Petrópolis, ela tem florido entre outubro e janeiro. Os seedlings são cultivados recebendo muita luz, especialmente na parte da manhã. Ela pode ser cultivada no mesmo ambiente que a Laelia Crispa. A espécie fidelense costuma florir sem espátula e quando a folha nova abre, o botão já está aparecendo. é preciso cuidado nesta época para não deixar acumular água na folha nova para evitar o apodrecimento do botão. Também em Petrópolis, o Dr. Dennis Deveen, está cultivando a espécie fidelense, que tem valor altíssimo entre os orquidófilos e apreciadores de orquídeas.
Júlio Sodré, descobridor da espécie, faleceu em 1941. Embora não fosse formado em botânica, sempre se dedicou à pesquisa de flores, nas horas vagas que tinha como funcionário dos Correios e Telégrafos em São Fidélis. A grande particularidade da laelia por ele descoberta, é que ela se apresenta em oito pistilos, diferençando das demais espécies de orquídeas existente no mundo.
Para algumas pessoas, os desmatamentos ocorridos nas regiões serranas de São Fidélis poderão muito em breve contribuir para o desaparecimento dessa planta devido ao desequilíbrio ecológico e a consequente quebra de seu habitat natural.
Jornal O FLUMINENSE
Estado do Rio de Janeiro, sexta-feira, 09/09/1977