DA USINA VELHA AOS BAIRROS SÃO VICENTE DE PAULO E JONAS DE ALMEIDA E SILVA (CHATUBA)
Conhecido pelos antigos como Usina, o bairro São Vicente de Paulo que é um bairro periférico e considerado o mais populoso do município, historicamente, as terras do atual bairro pertenciam ao Sr. João Ernesto Machado. Após seu falecimento, sua esposa Sra. Celina Machado vendeu as terras para a Diocese de Campos. Entretanto, a venda acabou indo parar na justiça por causa dos filhos que não aceitaram o negócio, assim queria desfazê-lo. Mas como o tempo, a justiça deu ganho de causa à Diocese. Enquanto o processo arrolava, ocorreu a invasão da referida área que se delimitava às terras.
Neste momento da história, surge o bairro pelo fato do pároco Ovídio Simon ter comprado as mesmas e por ser uma área muito carente, e assim colocou de São Vicente de Paulo, por ser um santo protetor dos pobres que lutava por esta causa procurando melhorias para ajudar a coletividade. Na época, a igreja foi construída em cima de uma pedra pelo próprio pároco, casa esta muito simples e feita de tijolos maciços e crus, mas que perdurava uma grande fé. Com o tempo, a mesma deu lugar e uma pequena capela que até os dias atuais vem fortalecendo a fé e abençoando os cidadãos desta cidade e, em especial, aos devotos fervorosos do santo que deu nome ao bairro.
Na década de 30, o bairro era composto por pastos e arbustos, não existindo, portanto pavimentação. A água que os moradores usavam era usufruída do Valão Catarina e do Rio Paraíba do Sul. A luz elétrica não existia e era somente através de lamparina a querosene que os moradores faziam uso.
O índice populacional do bairro justifica-se ainda pelo contexto histórico, porque antigamente, muitas pessoas saíam da zona rural para a cidade em busca de empregos e, na época, já existia uma Usina de cana de açúcar instalada no bairro (onde funcionava a antiga ORDEM – Organização do Desenvolvimento Municipal e atual Caca – Centro de Atenção à Criança e Adolescente). Uma usina que dava empregos, mas a demanda de gente com o que se chamar de “êxodo rural” que se tornava maior que a oferta de cargos oferecidos pela Usina. Muitos que vinham para seu lugar de origem, e assim ficavam pela cidade vivendo como podiam. E foi assim a proliferação de casebres; vindo a denominar uma espécie de favela que se instalara por toda área do bairro.
Com o decorrer dos tempos, a Usina deixou de gerar com a cana de açúcar e passou posteriormente, a investir em outras economias como a pilação de arroz, seguida, algodão, feijão e, por fim, café. Todos esses processos de atividades econômicas predominaram até a década de 60.
Destaca-se ainda que a maioria das pessoas que trabalhavam na Usina era descendente de escravos. Portanto, a formação do bairro se deu totalmente com pessoas afros e pobres, tornando-se, naquela época, um bairro bastante discriminado pela sociedade fidelense por conta do preconceito que sempre existiu e assim um eixo de exclusão social.
MOVIMENTO CULTURAL E DE PROGRESSO
O bairro São Vicente de Paulo sempre foi considerado muito forte em algumas manifestações da cultura popular que lá existiram e se expandiram por outras áreas do município. Dentre as manifestações da cultura popular que existiram no referido bairro estão: o Caxambu (dança cultural de origem africana), o Jongo, o Mineiro Pau, Folia de Reis, Ladainhas em latim. As crianças se divertiam através de brincadeiras infantis de grande tradição, entre elas, amarelinha, corre coxia, pique esconde, pique bandeira, pique pega, passa anel, peteca, bola de meia, escorrega e etc. Hoje esquecidas e desvalorizadas num passado distante.
E ainda assim, os primeiros do carnaval na cidade, surgiram com a Escola de Samba “Bando da Lua” (1978), que foi a primeira escola carnavalesca do bairro, tendo como presidente – Emitério Justino. Depois a escola passou a se chamar escola de samba Grêmio Recreativo Unidos do São Vicente de Paulo, a partir de 1980. Outro ponto relacionado ao bairro S. Vicente de Paulo se refere ao bairro Jonas de Almeida e Silva, antigamente se chamava “campo da aviação” e era uma área bastante frequentada por diversas pessoas, (independente do nível social), para namoros secretos, bem como era considerado o “motel das estrelas”. Com o passar o passar dos tempos, a área passou a ser lixão e também área de treinamento de tiros do corpo do Tiro de Guerra que funcionava no campo do Amaral Peixoto.
As dificuldades enfrentadas pelos moradores no bairro S. Vicente de Paulo foram muitas. O bairro cresceu muito e na atualidade conta com uma estrutura mais adequada. No decorrer do tempo, mudanças foram ocorrendo, de 1975 a 1997, quando, por exemplo, recebeu o Destacamento 60 do 5º Grupamento de Incêndio, onde atualmente funciona o DETRAN e o Ministério do Trabalho. Inicialmente, a área de educação era atendida pela antiga LBA – Legião Brasileira de Assistência (já extinta), em seguida, pelo Grupo Escolar Barão de Macaúbas, Escola Estadual Montese, ORDEM que, no passado, era conhecida por Organização do Desenvolvimento Municipal.
O tempo segue seu curso, assim sendo com o passar do tempo em nossas vidas, a cidade também foi crescendo e as mudanças foram acontecendo. O bairro São Vicente de Paulo, assim como as demais áreas agregadas a ele, foi recebendo mais pessoas e os agentes públicos passaram a dar um pouco mais de atenção ao bairro que fora contemplado com obras de saneamento básico, luz elétrica, água encanada, posto policial ruas pavimentadas e posto de saúde, enfim, duas creches escolas, uma unidade de escola infantil denominada Oscar Pereira da Silva, ainda, nas adjacências, também conta com o CIEP Joaquim Maia Brandão – onde funciona a faculdade à distância pelo consórcio CEDERJ e o CACA – Centro de Atenção a Criança e Adolescente.
O bairro ganhou total atenção haja vista que é o maior colégio eleitoral do município, porém só conseguiu eleger um único vereador da localidade na sua história e o qual não demonstrou êxito algum na vereança. E os maiores investimentos em obras de infraestrutura e melhorias no bairro e demais áreas agregadas, ocorreram nos governos de Benedito Passarinho e Davi Loureiro.
O comércio no bairro também é considerado crescente. Atualmente, conta com o supermercado do Povo, um dos mais completos da cidade por contar até com praça de alimentação. Há minimercados, quitandas, farmácia, padaria, bares, lanchonetes, loja de móveis e eletrodomésticos, marmoraria, serralheria, concessionária, lan houses, salão de beleza.
Na área de lazer destaca-se o futebol, apesar de atualmente o campo está em obras e o Cine Teatro Jayme Coelho. Vale ressaltar que a música sempre foi um dos pontos fortes com destaque para o saudoso músico e compositor “Índio do Bandolim” que ensinou a vários meninos do bairro, a tocarem violão.
Na área da assistência à comunidade do São Vicente de Paulo – o moradores contam atendimento médico e odontológico (SUS), trabalho de seleção e visitação dos ACS – Agentes Comunitários de Saúde, na área social o CRAS – Centro de Referência e Assistência Social com diversos programas atendendo a diversas famílias carentes do bairro.
Esse breve contexto histórico do bairro é apenas uma síntese de como tudo começou e se encontra na atualidade, de modo a destacar a miscigenação de culturas e raças da qual todos nós fazemos parte tanto a nível municipal, bem como brasileiros.
Fonte: pesquisa realizada através de entrevistas, narrativas e dados apurados.
Imagens: Nelzimar Lacerda – www.saofidelisrj.com.br