Pierre Vinícius da Silva Wilman
Fidelense, nascido a 20 de novembro de 1961. Era apaixonado por São Fidélis, dedicou sua vida à pesquisa sobre sua terra natal, o que o transformou num admirável historiador. Graduou-se em História pela Fafic – Faculdade de Filosofia de Campos e especializou-se em Históra do Brasil pela UFF- Universidade Federal Fluminense e em Tecnologia em Educação pela PUC – Universidade Pontifícia Católica do Rio de Janeiro. A convite do Padre Luiz, pároco da Igreja Matriz, organizou e montou o Museu de Artes Sacra. Ingressou no quadro de Servidor Público Municipal no ano de 1987, como oficial administrativo na Biblioteca Municipal, onde exerceu ainda, o cargo comissionado de Coordenador de Cultura, no governo de Benedito Passarinho. Dedicou-se muito ao teatro, tendo dirigido o grupo teatral “Esqualidus”, entre os vários trabalhos apresentados, destaca-se “Profanus”, peça teatral consagrada que chegou até receber convite para ser apresentada noTeatro Municipal do Rio de Janeiro. No ano de 1998, Pierre ingressa no quadro de Servidor Público do Estado como professor de História, com destaque nas atividades desempenhadas no CESF – Colégio Estadual de São Fidélis, onde era lotado. Foi o criador do projeto “São Fidélis on line” na construção deste site. Faleceu no dia 10 de março de 2009, deixando para os fidelenses um legado da história de São Fidélis.
Devido a importância do projeto São Fidélis online, o site a partir de agora, está sob a responsabilidade da jornalista Nelzimar Souza de Lacerda, uma pessoa que sempre acompanhou e prestigiou os trabalhos que Pierre desenvolveu em São Fidélis, e que também tem muita correlação com o que realiza na área como pesquisadora no campo do jornalismo cultural. Nelzimar tem vários artigos publicados, é professora do curso de comunicação social do Centro Universitário Fluminense – Uniflu /Fafic – Faculdade de Filosofia de Campos dos Goytacazes.
Pierre de Juca de Pierre de Juca
Esta é a História de uma locomotiva, que, verdadeiramente, é a nossa vida. Cada um de nós está dentro de um vagão, onde algumas pessoas viajam ao nosso lado durante algum tempo. Por algum motivo, às vezes mudam de cadeira ou até mesmo de vagão. Algumas entram novinhas, ainda bebês. Temos de cuida-las, pois pedem cair diante de uma freada brusca, ou talvez, por causa de uma curva sinuosa.
Os vagões podem ser imensos, depende só de você. Convide pessoas pra viajarem ao seu lado! Escolha pessoas boas, especiais, certas, aquelas que só lhe trarão amor, tranqüilidade para que você possa seguir viajem em paz. Quanto as outras, mande pra outro vagão.
Um dia o meu vagão quis se descarrilar e as luzes quiseram se apagar de repente… Como se tivesse entrado num túnel. Escuridão total!
Quando percebi a porta do meu vagão estava se abrindo e o meu pai (que já tinha sido avistado que sua estação se aproximava), estava pronto para descer. Não quis acreditar, achei que pudesse fechar a porta. Tentei desesperadamente com todas as minhas forças, mas não consegui.
Depois de uma breve despedida, ele desceu com sua mala repleta de sementes que plantou em campos férteis, durante seus 71 anos de existência. Veio inevitavelmente, a frustração, a amargura, a depressão e uma dor que não tem nome. A dor era tamanha, que me cegava. Eu olhava para os lados e não conseguia ver ninguém, somente cadeiras vazias. Com o passar dos meses, comecei a perceber que havia algumas pessoas sentadas ao meu lado. Elas estavam ali. Eu é que não as enxergava.
Uma dessas pessoas era meu irmão, que não havia soltado a minha mão em momento algum. Por algum motivo, não sei explicar ou justificar, enquanto eu adormecia em meu banco, quatro pessoas arrancaram meu irmão do meu lado e o jogaram para fora do trem em movimento.
Ainda não havia chegado à estação do meu irmão, a sua hora. Ele não teve tempo, infelizmente, de levar a sua mala tão cheia de sementes prontas para semear por aqui. A escuridão tomou conta do meu vagão, foi ainda maior que antes. Decidi subitamente, desistir de viajar, não queria mais esperar por minha estação.
Como forma de despedida, olhei pela última vez para o meu vagão que se encontrava com as cadeiras vazias, totalmente por um imenso vazio.
Der repente, surpreendentemente, um só homem sentado na primeira cadeira foi avisado por mim. Ele se curvou, olhou para trás e me estendeu a mão, convidando-me para sentar ao seu lado perto da janela.
Quando olhei pela janela, existia um imenso jardim com infinitas margaridas brancas que relutavam a brilhar mais que o sol. Algumas já estavam desabrochadas, outras em forma de botão e outras ainda em formação.
Foi quando ele me disse que deveria permanecer no trem, que poderia ajudar a cuidar desse jardim, lançando pela janela todas as necessidades e adubos para que as flores pudessem desabrochar com mais força e rapidez. Que as minhas lágrimas não passavam de gotas de orvalho e que com isso, eu não as regaria.
Não sei quais são as margaridas do meu pai e as do meu irmão, portanto,lanço pela janela,todos os dias, para aquelas, principalmente, que ainda estão em formação, muita oração, pedidos de misericórdia e tudo aquilo que possa ajudá-las. Ah! Havia me esquecido de dizer o nome do condutor desse grande trem!
É Deus. É quem me convidou para sentar ao seu lado, foi Cristo. Nunca deixe que seu vagão saia dos trilhos, seja qual for o motivo. Confie em quem o conduz. Ele te levará para um bom lugar.
Entendi com isso que cada um de nós tem uma estação, na qual desceremos. Que não adianta relutarmos, teremos que descer de qualquer forma.
Estejamos sempre de malas prontas para que possamos mostrar a Deus as sementes que lançamos aqui na terra.
Talvez meu irmão não tenha tido tempo de pegar a sua mala. Não importa… Sei que ele semeou o suficiente para dar bons frutos.
Para os amigos que ficaram no meu vagão, obrigada por me ajudarem a seguir viajem.
De sua filha e irmã, Patrícia de Juca de Pierre.