Lenda da Bela Joana
Contam os antigos, que quando as terras de São Fidélis começaram a ser povoadas, um grupo de soldados franceses subiu o rio Paraíba em busca de índios para aprisionar e de outras riquezas que pudessem conseguir.
Assim que de longe os índios Puris viram esta tropa resolveram segui-los através das matas, para observá-los melhor. Foi assim que descobriram um sujeito diferente que consertava os sapatos de todos os outros, o que muito espantou os índios.
Quando a tropa dos franceses estava chegando perto das terras dos Puris, eles resolveram que era hora de atacar e eliminar o perigo. Mas os índios livraram da morte aquele homem diferente que fazia sapatos e o prenderam junto com sua família em uma casa no sopé de uma serra que ficou então conhecida como Serra do Sapateiro.
Acontece que o sapateiro tinha uma filha cuja beleza nunca se havia visto por lá. Por ela se apaixonou o filho do chefe dos Puris, mas os irmãos de Joana não querendo que ela se juntasse a um índio, o maltrataram, pensando que ele iria fugir assustado.
Qual não foi a surpresa, quando foram atacados por todos os outros índios, que não satisfeitos em aprisionarem Joana, mataram todos os seus familiares.
Joana ficou por muito tempo morando na tribo, mas não era feliz e quando pode, fugiu e foi parar na vila de São Salvador (hoje Campos dos Goytacazes).
Como não tinha conhecidos, não tinha também onde morar e aí ficou perambulando pelas ruas.
Mas sua beleza era tanta que chamou a atenção de um rico fazendeiro, que logo a levou para morar em suas terras, no alto de uma serra, onde parece que viveram muito felizes. Certo é que essa serra ficou conhecida como Bela Joana.
COLEÇÃO CONHECENDO
Conhecendo São Fidélis.
Julio Boldrini & Sylvia Petrucci – 1985
A lenda dos túneis
Frei Vitório revelou-se em todos os pormenores da construção da igreja um arquiteto talentoso, sabendo prever as dificuldades futuras. Levantou o templo sôbre alicerces amplos, sólidos e seguros, que ainda hoje
podem ser apreciados.
No subsolo de uma parte do edifício construiu o que chamou nas “Memórias” de Catacumbas, isto é, cemitério. As catacumbas tinham um bom número de jazigos, tumbas, para nelas serem enterrados os sacerdotes e os benfeitores. Eram conhecidos por tôda a população; ainda em vida, Frei
Vitório assistiu a mais de um entêrro,
Quando, em 1820, o Sr. Bispo D. Caetano Coutinho visitou pela segunda vez, de volta da Bahia de Todos os Santos, as freguesias da Vila da Praia, Vila de São Salvador e São Gonçalo, não podendo pessoalmente estendê-la a São Fidélis, mandou – como narramos a seu tempo – um Visitador na pessoa do Vigário da Vara.
Dizem as “Memórias”: “Neste ano se taparam com parede de pedra e cal as duas portas que davam entrada para as catacumbas e ficaram fechadas com chaves as outras duas portas, tudo isto por ordem do mesmo Visitador” (8), As portas de entrada eram quatro, constituindo motivo ornamental e arquitetônico.
O engenheiro José Xavier Garcia de Almeida, dando início às obras de restauração, em 1841, como primeira medida mandou entulhar o cemitério subterrâneo para consolidar as colunas que tinham sido abaladas pelas águas do rio, na enchente de 1833.
Nessa mesma ocasião – informa o Cônego Guaraciaba – “desmanchou-se o sobrado que estava por concluir, destinado para moradia dos padres e hóspedes (era o Hospício que o príncipe Maximiliano, em sua visita, em 1816-1817, chamou de espaçoso mosteiro); aumentando-se 30 palmos ao pé da Cruz (Corpo da Igreja), fêz-se o frontispício dêsse lado quase igual ao riscado por Frei Vitório, consertou-se o zimbório, preparando-se os forros da capela-mor e pé da Cruz, rebocou-se e caiou-se tôda a igreja interna e externamente, desmanchou-se o cemitério por detrás da igreja, por onde hoje passa a rua Uruguaiana, e retocou-se (pôsto que mal e sem arte) o quadro do martírio de São Fidélis, pintado por Frei Vitório, no qual, segundo dizem, sobressaiam duas colunas que, tão bem desenhadas, se assemelhavam a colunas de madeira ali colocadas”.
História da Cidade de São Fidélis
P. Frei Jacinto de Palazzolo. 1963
Lenda do Sapateiro
A Serra do Sapateiro consta no Brasão de Armas do Município de São Fidélis, desenhada pelo heraldista Alberto Lima, oficial do Exército Brasileiro, porque ali residia um cidadão que exercia tal profissão. Houve realmente o fato da existência de um sapateiro que morava no sopé da serra, embora os historiadores não conseguiram descobrir o seu nome. Na mesma região, viviam os índios purys, que matavam e comiam suas vítimas e que depois se refugiavam na Serra da Muribeca, cujo significado em tupi-guarani é “lugar de fartura”. Certo dia, os purys atacaram o sapateiro e mataram toda a sua família, menos uma filha de rara beleza cujo nome se ignora, mas que o poeta António Roberto, autor da lenda, batizou com nome de Joana. A “Serra da Bela Joana” é considerada a paisagem mais bonita do município.
Lenda de Ypuca
Conta-se que pelos idos de 1816, toda região do hoje Distrito de Ypuca era uma extensa floresta onde apenas alguns desbravadores (homens brancos) tentavam se estabelecer. Freq?entemente, viam-se cercados pelos valentes guerreiros da tribo dos Purys, que habitavam nas proximidades do morro São Sebastião, onde a mata era densa e a caça era farta. Mas na ocasião das “cheias”, o valão que deságua no Paraíba do Sul ficava represado e transbordava, inundando toda a área da floresta. Os guerreiros Purys, destemidos como eram, adentravam assim mesmo nas matas para caçar, muitas vezes ficando presos nos buracos que se formavam nos pântanos e gritavam: YPUCA! – palavra que, na língua tupi-guarani significa “buraco na mata pantanosa” — da qual se originou o nome do 2? Distrito de São Fidélis, berço dos valentes Purys, da grande nação dos Tapuias.
A lenda do Itacolomy
Itacolomy é uma região do Município de São Fidélis, localizada na serra do mesmo nome de onde, a uma altitude de 1.300 metros desce o Rio Mocotó na direção de Campos. Contam os antigos que, na época da chegada dos primeiros homens brancos, São Fidélis era uma região de vasta floresta, com vegetação arrogante e gigantesca. O rio Paraíba do Sul rolava volumoso, despencando no turbulento e majestoso “Salto” defronte ao bairro Coroados e, das montanhas, desciam rios com belíssimas cascatas. Mas enquanto os índios coroados e purys eram os senhores absolutos da região, os homens brancos eram os devastadores, penetrando na região à procura de riquezas até que se instalaram às margens do Rio Mocotó, em busca do ouro. Em certo dia, ao iniciarem a procura do ouro, surgiu inesperadamente um menino robusto, bonito, de cabelos loiros e falou aos mineradores: “Não destruam a Natureza, obra criada por Deus”. Os garimpeiros, atordoados e apavorados, sacaram de suas armas e atiraram no menino que, rapidamente, se transformou em pedra. Desde então, a região passou a ser denominada Itacolomy que significa “menino de pedra”.