Três anos após a instalação da Câmara de Vereadores da Vila de São Fidélis de Sygmaringa, em prédio construído pelo povo, como determinava a Lei Provincial, de 19 de abril de 1850, foi nomeada a primeira professora da Vila, Maria Joanna da Conceição Martins, no dia 18 de janeiro de 1858. Durante um longo período, exerceu o magistério na primeira escola de nossa terra. O ato de sua nomeação foi publicado no “Almanak Laemmert”, que também registra o nome do inspetor paroquial da época, Dr. Theóphilo Tavares Paes. Ainda o “Almanak Laemmert”, de 1872, dois anos após São Fidélis adquirir a condição de município, registra na página 160: “Professores públicos” “De meninos – Miguel Pereira de Carvalho. De meninas – D. Maria Joanna da Conceição Martins”.
A partir do ano de 1907, passou a exercer o magistério em nossa terra a professora Maria Firmina D’Oliveira e Silva, educando centenas de fidelenses. Dedicada e afeiçoada às letras, realizou sem nenhuma dúvida primoroso e excelente trabalho em favor dos fidelenses, marcando com destaque o período de sua atuação. A “Mestra Mariquinhas”, como a chamavam carinhosamente, era esposa do médico, também fidelense, Fidélis D’Oliveira e Silva, irmão do ilustre advogado dr. José Francisco de Oliveira e Silva, que por 12 anos governou o município como presidente da câmara. (Na época não existia o cargo de prefeito).
O primeiro e o mais importante colégio (particular) de nossa terra, sobre o qual existem comentários feitos pela imprensa da época, e por escritores famosos, dentre eles Silvio Rabelo, foi o Instituto Colegial Fidelense, do mestre, de nacionalidade portuguesa, Francisco José Caldeira da Silva, que para São Fidélis viera, exilado de Portugal por suas idéias republicanas.
O professor Caldeira, como era conhecido, revelou-se excelente mestre de Latim, Português, Retórica, Gramática e Aritmética. Dentre muitos filhos de fazendeiros de café e de personalidades ilustres da cidade em 1870, conta a história que um dos seus alunos foi o grande brasileiro Euclides da Cunha, que residia na época no Solar dos Garcez, residência do seu tio, major Cândido José de Magalhães Garcez, na então Avenida Beira-Rio, hoje Voluntários da Pátria, defronte do “Tamarindeiro”. Outros ilustres alunos: o mais tarde líder abolicionista e republicano, dr. Laurindo Pitta; o famoso engenheiro, dr. Teixeira Soares (construtor do canal Campos-Macaé e da Estrada de Ferro Curitiba – Paranaguá), drs. José Francisco, Fidélis de Oliveira e Silva, érico Coelho e outros.
Esse estabelecimento de ensino, ainda hoje existente, é considerado a mais importante escola das últimas décadas. Funcionava na Praça Barão de Vila Flor, atual praça Dr. Teixeira Soares, onde no passado era a Igreja do Rosário (primeira igreja de pedra e cal), construída pelos frades capuchinhos Frei Angello Maria de Lucca e Frei Victório de Cambiasca em 1785, depois chamada também igreja dos Pretos (1808). O auditório do Colégio Estadual São Fidélis é a primitiva nave da igreja de Nossa Senhora do Rosário. Após ter sido o imóvel reformado, nele se instalou o Barão de Macahubas, tendo como diretora a capacitada e ilustre mestra Anna Martins Passos (d. Ana Passos), nascida na antiga Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Ponte Nova, (atual Vila de Cambiasca), pertencente ao município de São Fidélis. Faleceu em 6 de fevereiro de 1928. Seu esposo era o também professor João de Deus Martins.
No período de 1923 a 1925, existia o Colégo Bittencourt Silva, sediado na Avenida Beira-Rio, no prédio onde viveu o major Candido José de Magalhães Garcez, tio de Euclides da Cunha. Em 1925, dirigido pelo professor Alberto Portella, foi criado o “Collegio Baptista Centro Fluminense”, com internato e externato mistos. Naquela época já funcionava a escola particular das professoras “Pepeu”, na rua do Mercado, hoje dr. Collet, sendo a minha primeira professora d. Francisca Pepeu (professora Chiquinha Pepeu). No ano de 1926, com o apoio do Estado e da Prefeitura Municipal, foi inaugurada a “Escola Prática de Indústrias Químicas e Domésticas”, na Praça 15 de Novembro (a praça principal da cidade, na época), tendo como diretor o engenheiro-químico, professor Francisco Costa. Também em 1926, foi criada a Escola da Liga Operária pelo padre Janeiro Moita, no dia 16 de maio (para uso dos sócios e de seus filhos, sendo professora Maria de Lourdes Oliveira).
Em 15 de junho de 1928, foi inaugurada a Escola da Maçonaria – “Loja Maçônica Auxílio à Virtude”, com “curso Comercial”. No ano de 1928, ainda tendo como diretor o professor Atratino Coutinho, foram iniciadas as aulas do Colégio Cortes Coutinho. No ano de 1929, o governador do Estado (na época, presidente do Estado, dr. Manuel Duarte) nomeou para São Fidélis mais sete professoras para as escolas públicas.
No dia 28 de junho de 1932, surgiu, a princípio, na Rua dr. José Francisco de Oliveira e Silva n? 34, o Ginásio São Fidélis, sendo diretor o dr. Moacir Mendes Corrêa, tendo mais tarde o referido estabelecimento se localizado na rua dr. Alberto Torres n.? 18, com os professores O. Ramos e Nival Jardim. Em 7 de marco de 1934, foi instalado pelo professor Antídio Souza o Colégio Fidelense; no ano de 1935 foi inaugurado o Colégio Rio Branco, tendo como diretor o professor Aristóteles Caldas, localizando-se o estabelecimento na Rua dr. José Francisco, no mesmo prédio onde existia o Ginásio São Fidélis. No ano seguinte, o Ginásio São Fidélis passou a Ter como diretor o professor O. Lontra.
Um dos mais eficientes estabelecimentos de nossa terra foi fundado em 18 de março de1940, primitivamente com o nome de Ateneu Martins Fontes, pelo professor Ataliba Neme, que teve como colaboradores Alfredo Xavier Maia, Francisco Calomeni, Adherbal Costa, Antônio Rodrigues Sobrinho e Aldejar Maia Rodrigues. Muitos dos profissionais de nivel superior, hoje existentes em nossa comunidade, foram alunos desse estabelecimento, por algum tempo dirigido pelo professor Expedito Neme, e que atualmente tem como diretora a professora Maria Thereza Cunha da Costa. Funcionando hoje na Rua Duque de Caxias, o estabelecimento pertence à rede particular de ensino, tendo como entidade mantenedora a Mitra Diocesana de Campos.
Esse estabelecimento de ensino foi instalado em nossa cidade por esforços do comendador Clarimar Fernandes Maia, no antigo prédio do Grupo Escolar Barão de Macahubas. O CNEG, ou Colégio da Campanha, como era conhecido, existiu até 1972; no ano de 1973 passou a denominar-se Colégio São Fidélis, pertencendo à rede de estabelecimentos da Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro como colégio de segundo grau: Escola de Professores e Curso de Contabilidade. (…)
Autor: Aurênio Pereira Carneiro