A partir de 1850, as terras das florestas virgens, que margeavam o rio Paraíba do Sul, foram se transformando em extensos cafezais, cujo produto era exportado pelos portos de Macaé, Porto das Caixas, Estrela, Angra dos Reis, Parati e Mangaratiba. A introdução das primitivas máquinas de beneficiamento de café e milho, o engenho de roda, o pilão, os ripes e o monjolo, feitos pelos “mineiros”, e ainda os carros de bois aceleraram os trabalhos nas fazendas: era o progresso que se aproximava.
Com o aproveitamento do “braço escravo” a cultura cafeeira atingiu o auge por toda parte, principalmente nas proximidades da Vila: novas e progressistas fazendas surgiam. Para o porto da Vila de São Fidélis de Sygmaringa, tropas chegavam das Minas Gerais, descendo do arraial de São Manoel, seguindo o rio Pomba, atravessando as terras dos atuais municípios de Santo Antônio de Pádua, Itaocara, Cambuci, e pelas terras altas do município de Campos, pela margem direita do rio “Muriahé”, passando pelo de Italva e pelo distrito de Cardoso Moreira.
Os municípios de Cantagalo e São Fidélis se “estrelavam” com as fazendas de café. O professor Honório Silveira nos conta em sua obra sobre a cultura cafeeira:”O movimento de tropas era vultoso; de cinco em cinco léguas ou menos encontravam-se alpendres ou ranchos, aos quais se recolhiam cansados os condutores de “azêmolas” quando a noite se apresentava. Juntos estavam os pastos nos quais eram soltos os animais que se refaziam das longas caminhadas. Além dessas tropas que se empenhavam no transporte do café, havia outras cujos proprietários comerciavam fumo, queijo, marmelada de caixeta, arreios e também toucinho”.
A comunicação imediata com o porto da Cidade de Campos dos Goitacazes, pela navegação, no caudaloso rio Paraíba do Sul, por ser este navegável, desde São João da Barra até uma légua acima da Vila de São Fidélis de Sygmaringa, concorreu para que São Fidélis prosperasse. O movimento era intenso nos armazéns existentes na Vila às margens do rio, não só do lado da atual cidade, como do lado do Norte, hoje denominado Ipuca. Esses armazéns não cessavam de receber as colheitas, esvaziando-se a seguir com a chegada dos vapores das várias companhias, como a Macaé-Campos, a “Companhia de Navegação a Vapor União Campista Fidelista” e ainda o Vapor “Muriahé”, que tinha como agente Faustino José Bueno, da Companhia de Vapores São João da Barra – São Fidélis.
Autor: Aurenio Pereira Carneiro
Este vapor pertencia à “Companhia de Vapores São João da Barra – São Fidélis”, que fazia o transporte de passageiros e mercadorias, principalmente café, para os portos de Campos e São João da Barra.